Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

AS MÚLTIPLAS FUNÇÕES DE MERCÚRIO (uma breve leitura do mito por Stela Siebra Brito)



“A inteligência é o mais rápido dos pássaros”
(Rig Veda)
Planeta da comunicação. Isto é a primeira coisa que vem à mente quando pensamos em Mercúrio. E aí já estamos exercendo uma atividade mercuriana, que é pensar. E tem mais: falar, estabelecer trocas, raciocinar, expressar, comunicar, negociar, escrever, dialogar são atributos ou funções de Mercúrio.
Mercúrio é rico de possibilidades que muitas vezes não exploramos. E é justamente por não utilizarmos essas habilidades, que ficamos na escassez e no reducionismo mental. Esse pouco aproveitamento do campo mental indica que não estamos pesquisando, inquirindo, dando asas ao pensamento, estudando, inventando, argumentando, dialogando, convencendo, etc.
Para clarear as múltiplas funções de Mercúrio, vamos lembrar um pouco o mito de Hermes, o deus grego que romana e astrologicamente é Mercúrio.
Hermes/Mercúrio, o filho de Júpiter com a mais nova das Plêiades (Maia), no dia em que nasce já “apronta”: livra-se das faixas que o envolvem e viaja, rouba, mente, cria e negocia. Ele rouba parte do gado real que seu irmão Apolo pastoreia e, usando de argúcia, faz as vacas caminharem de costas, após ter amarrado ramos nas suas caudas para que apagassem as próprias pegadas. Numa gruta sacrificou duas novilhas aos deuses, dividindo-as em 12 porções. Ora, os deuses do Olimpo, até então, eram apenas onze. Hermes/Mercúrio já se nomeava e promovia como o mais novo deus do panteão grego.
Quando regressa ao monte Cilene, onde nasceu, Mercúrio mata uma tartaruga, fabricando da sua carapaça com as tripas das novilhas, a primeira lira, cujo som logo vai deixar maravilhado o deus Apolo. O que acontece a seguir, é que Apolo descobre o roubo do rebanho e seu autor. Mercúrio nega veementemente e quase convence Apolo, que recorre a Júpiter para que este resolva a querela. O deus soberano do Olimpo quase ri ouvindo Apolo contar as artimanhas do seu pequeno filho e os argumentos usados pelo menino, para convencê-los que não roubou o gado. Mas Júpiter impõe sua autoridade de pai e faz Mercúrio prometer que não mais mentirá, ao que ele retruca que “não estaria obrigado a dizer a verdade por inteiro” ... E passa a tirar lindos sons da lira, como quem não quer nada. Os sons deixam Apolo encantado e desejoso de possuir aquele instrumento. Por isso propõe trocar o instrumento, de som divino, pelo gado roubado e Mercúrio aceita o negócio. Mais tarde ele inventa a flauta de Pã, atiçando o desejo de Apolo de possuir, também, aquele instrumento. É feita nova negociação. Mercúrio entrega-lhe a flauta e Apolo, em troca, dá-lhe o caduceu, que é uma varinha mágica, de ouro. O pequeno deus exige, ainda, umas lições na arte da adivinhação.

Bem, isso é só um começo, porque depois, em ocasiões diferentes, Mercúrio vai roubar o cinto de Vênus, o tridente de Netuno, as flechas de Apolo e a espada de Marte. E vai ser o criador do alfabeto, das ciências, das artes, da balança e de quase todos os instrumentos musicais.
Além do caduceu, Mercúrio leva como adereços uma bolsa cheia de moedas, um chapéu com asas (o Pétaso) e as sandálias com asas. Estes dois últimos adereços vão dar agilidade de vôo ao deus, caracterizando a mobilidade de pensamento. É como expressa a canção popular: “o pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa, quando começa a pensar...”

No nosso Mapa astrológico, Mercúrio indica que devemos voar para compreender, porque é sabido que “aquele que tem asas compreende”. O exercício de pensar desenvolve o raciocínio, a mente e suas propriedades de locomoção e aplicação práticas. A astúcia e a inteligência mercurianas são práticas, assim como suas invenções também o são. Por isso é bom se perguntar de vez em quando: “estou usando de modo prático minha inteligência?”, “estou sendo engenhoso?”. Verifique onde está Mercúrio no seu mapa e saiba qual área de sua vida apresenta melhores possibilidades de aproveitamento da sua inteligência e da sua engenhosidade. Observe se você está sendo “artífice” de instrumentos para ter o que trocar com as outras pessoas; observe se você está usando chapéu e sandálias aladas para fazer sua mente voar inventando uma forma nova de se colocar na vida, com outros argumentos, com novos conhecimentos, nova mentalidade, outras perspectivas e soluções para as questões e problemas que surgem no cotidiano.
É sabido que podemos alterar nossas vidas alterando nossas atitudes mentais. Este é, entre outros, um exercício mercuriano.

A mitologia narra também que Mercúrio era o mensageiro de todos os deuses e uma espécie de “secretário particular” de Júpiter (o deus de todos os deuses e dos homens). Chamavam-no de DIOS AGGELOS - o portador das ordens de Zeus.
Este mito revela que para termos acesso à sabedoria jupiteriana, é preciso falar primeiro com Mercúrio. E para falar com esse secretário, já viu, tem que ser “bom de papo”. Ou seja, tem que usar de argúcia, de lógica e eloquência. Um dos epítetos de Mercúrio indica bem essa função. Ele era conhecido como LOGIO, o que tinha discurso convincente, lógico e eloqüente.
Através do secretário Mercúrio, a mente se afasta da ignorância para adentrar e compreender o mundo da sabedoria. No mapa é Mercúrio quem nós dá a habilidade de aprender e expressar nossas crenças espirituais e filosóficas. Mercúrio nos faz compreender de forma concreta e prática as visões e conceitos mais altos e mais ideais. Ele traduz, ele exemplifica, ele interpreta e simplifica. É Mercúrio quem diz: “por exemplo”... e de forma prática e direta explica com clareza um assunto. Ele é a inteligência prática.

O mito revela também que Mercúrio circulava livremente pelos três mundos e tinha o poder de ficar invisível e viajar por toda parte num piscar de olhos. Tal poder faz dele um intermediário ou mensageiro entre deuses e deuses, entre deuses e mortais e entre estes e os deuses. Ele tem a habilidade de mudar de nível, de se adaptar. Esta plasticidade de Mercúrio o faz falar muito mais pelos outros, do que por si mesmo. Assim é que no Mapa astrológico, quando Mercúrio está em conjunção com um planeta se investe da sua história. Essa neutralidade vai fazê-lo falar pelo outro planeta, ser veículo de suas características e tradutor dos anseios inerentes àquele plano da alma.

Mercúrio é também um “deus psicopompo”, ou seja, um condutor de almas. Ele tanto transportava as almas para o mundo ctônio, como as trazia de lá para o nível telúrico. Ele conhecia o caminho e suas encruzilhadas e não se perdia na escuridão.
Isso revela uma faculdade espiritual: conduzir tanto para a luz como para as trevas. Podemos entender e aplicar à mente humana, como a capacidade de sair da compreensão lúcida e consciente, para mergulhar no inconsciente e trazer à tona material que possa ser analisado e compreendido à luz da consciência.

E assim é Mercúrio: mental, plástico, veloz, trapaceiro, mensageiro, engenhoso, esperto, inteligente, negociador, interlocutor.
Quando desenvolvemos nossas capacidades mercurianas, podemos sair de um modo de pensar e viver nas sombras para termos acesso ao mundo da luz, do conhecimento e da transcendência.
Podemos “roubar o gado de Apolo” sem constrangimento quando, astutamente, apreendemos o conhecimento através das experiências de vida e dos estudos e quando nos permitimos ser receptores e transmissores da luz da sabedoria.
Podemos inventar liras e flautas para termos instrumentos que poderão ser trocados pelo caduceu mágico do conhecimento.
“Sei muito, mas quisera saber tudo”. Goethe

Um comentário:

socorro moreira disse...

Sou uma legítima mercuriana. Mas eu tenho a lua, no sol do meio dia. risos.

Sou louquinha !


Amo, textos sobre Astrologia, Mitologia!!!!!!!!!!!!

Abraços.


Tá na hora de dar um pulinho no Crato.