( foto de Pachelly Jamacaru)
Aproveitando o gancho de Stela, penso que a nossa memória é formada por lembranças que são arquivadas no inconsciente e podem ser mobilizadas pelos afetos. Costumamos gravar internamente e ter mais atenção nas coisas que nos interessam, às vezes usamos mais nosso tempo em conhecer e compreender aquilo que gostamos do que em navegar pelo desconhecido. Toda vez que há uma renovação da qualidade do afeto, mais emoção vai sendo depositada em nosso âmago. Essas emoções costumam ser o combustível que impulsiona nossas vidas. A memória afetiva desenvolve-se a partir de uma percepção sensorial, como um sorriso, uma cor, um cheiro, uma dor. É dessa forma que os momentos afetivos importantes ficam incrustados em nós. Quando resgatamos nossa memória afetiva, estamos elaborando e compreendendo experiências carregadas de afetos do nosso passado e que foram arquivadas nas nossas gavetas internas, fincadas no fundo da alma. E quem não se lembra do nosso pequeno grande zoológico da quadra Bi- centenário? Do cheiro dos eucaliptos, da chuva do verde da serra, do odor da Exposição, os cinemas, os shows na Rádio Educadora, a gruta de Nossa Senhora, a piscina das freiras, os passeios na nascente no Lameiro, os engenhos de rapadura. Andar de trole, lá no São José, subir o rio até o Pimenta, escalando as pedras. A queima do Judas, a leitura do testamento, os circos que chegavam na cidade, o parque Maia, os carnavais de rua...sendo dolorosas ou não, essas lembranças fazem parte do nosso crescimento e da edificação do nosso ser.
Maria Amélia
2 comentários:
Maria Amélia você evocou todas as lembranças em poucas linhas. Instigou assuntos pra muitos dias.
Fiquei mexida !
Abraços, menina !
Maria Amélia,
Creio que todas as nossas lembranças se cruzzaram e cá estão em suas palavras.
Todos esses momentos foram também vividos por mim e em mim.
Abraços e obrigada por me fazer lembrar.
Postar um comentário