Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Ar que se Sentia um Prisioneiro -


Procurando um texto para um material de trabalho, deparei-me com este: "O Ar que se Sentia um Prisioneiro". Já o havia aplicado numa avaliação quando trabalhava com turmas de 6ª/7ª séries, mas a leveza do texto, a finura da linguagem e a lição que se encerra apresentada de forma tão simples, o modo como trata os conceitos da vida, tudo me fez considerar que certos momentos são o tempo exato para pormos os olhos em determinados temas.

Hoje, por exemplo, gostei de ler este texto. Vou oferecê-lo a Victor, meu neto, meu oxigênio.

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Oxigênio era um ar muito feliz, vivia andando rápido e satisfeito com a própria liberdade; mas depois de sonhar com meteoritos no céu, pensou: - Estou com inveja dos meteoritos, pois vivem andando no infinito universo. Eu me sinto preso à Terra, que é pequena demais para mim; sinto-me numa prisão.

.Logo, o ar tentava sair da Terra para viajar pelo universo. Tentou diversas vezes, mas não conseguia. Subia, subia e não conseguia superar a gravidade. Frustrado e deprimido por não ter conseguido, sentia-se um pássaro engaiolado, passando a vagar sem rumo, confuso, parecendo um ser sem alma. Às vezes, ficava muitos dias, deitado na areia, lamentando e chorando.

.

Numa das raras vezes que se movimentou, encontrou o Tempo. - Tempo, você me deixa ficar no teu colo? - perguntou baixinho.


- Eu deixo, mas por um tempo. Acorda! senão a felicidade não vai te pegar. - No instante em que se deitou no colo, logo, se levantou, por causa daquele sermão. E continuou triste, sentindo-se um prisioneiro.

E no mesmo dia em que tinha encontrado o Tempo, encontrou um moinho que falou: - Que pena você estar tão triste e lerdo. Eu queria tanto que você passasse correndo perto de mim. Antes, quando você passava perto de mim, arrancava meu sorriso e me refrescava com seu corpo. Quando você está rápido, movimenta-me; fico girando, rindo à toa. Por que você está assim?

- Desculpa-me! Estou triste! É que me sinto preso à Terra e não consigo dela. Acho minha liberdade tão pequena.

- Nobre ar, você precisa andar rápido e desejar ser feliz para pegar o destino próspero. Não ande na contramão do destino. Ouça... eu estou preso aqui na terra, no chão; nem posso mexer as pernas, mesmo assim sou feliz. A terra, que me prende, deixa-me em pé. Sinto água... sinto animais que vivem no solo tocaram-me e me fazem companhia. Liberdade é ser feliz.

- Obrigado pelas palavras. Vou andar mais rápido. Tchau!

Apesar de continuar abatido, passou a andar bem rápido, e acabou entrando em um pequeno furo de um caixote que tinha uma gaiola que prendia uma ave que, ofegante, gemia: - Quero ar, quero ar.

Oxigênio, comovido com o sofrimento da ave, dava um pouco de si a ela e lhe fazia companhia. Depois de alguns dias, o caixote foi aberto, e a ave já podia se alimentar de outros ares, e logo depois, passou a cantar alto sorrindo. O ar interrompeu o canto perguntando-lhe: - Por que você canta feliz como a vida fosse só felicidade? Você está presa, confinada a uma pequena gaiola.

- Canto para alimentar minha alma. Apesar de eu estar presa, inspiro gente a não prender animais. Olha... quando parte de você se prendia a mim, libertava Gás Carbônico.

Oxigênio percebeu que tinha uma enorme liberdade, era útil e indispensável, pois sempre que cedia parte de si ao se prender a outros animais, dava liberdade ao Gás Carbônico. E virou o melhor amigo da Ave, a qual se sentia voando quando ele ficava rápido rodeando a gaiola.


Ruilendis

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