Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 31 de outubro de 2009

Tudo terminou em 29 de outubro... - Por Norma Hauer


Exatamente, foi a 29 de outubro de 1945 que o Estado Novo teve fim.

Sobre o Estado Novo, posso dizer que as as mudanças foram radicais porque Getúlio Vargas deu um golpe nos políticos que estavam "assanhados" esperando as eleições prometidas depois da aprovação da Constituição de 1934.

Getúlio fez sua própria Constituição em 1937. Começou uma demagogia com os trabalhadores que antes não tinham nenhum direito.Está doente? RUA! Com a criação das leis trabalhisras, as coisas foram melhorando e os trabalhadores humildes passaram a adorá-lo.

A censura porém foi violenta; tudo tinha de passar pelos censores do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda).
Na época eu era adolescente. Em 1937 tinha12 anos e não entendia o que estava acontecendo, mas meu pai era um admirador ferrenho de Getúlio. Era funcionário público tendo ingressado no serviço público por concurso. Getúlio estimulou os concursos públicos; antes só afilhados de políticos ingressavam nos órgãos públicos.

Com a censura os compositores perderam sua liberdade de criação . Palavras como ORGIA passaram a ser proibidas.

Havia um samba de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti, gravado por Orlando Silva, de nome "Se a orgia se acabar". Com Orlando passou, mas quando os compositores ofereceram-no para Galhardo , tiveram de mudar o título para "Fui Traído" e dizer "se o samba se acabar". Aí passou.

Dizem que o samba “O Bonde de São Januário” seria uma exaltação à vadiagem e diria “o bonde São Januário leva mais um grande otário, sou eu que vou trabalhar” que teve de ser mudado para “o bonde São Januário, leva mais um operário, sou eu que vou trabalhar”. Não acredito muito nisso por causa da segunda parte da letra.

O povão cantava assim:"o bonde São Januário leva mais um grande otário p'ra ver o Vasco apanhar".

Carlos Galhardo gravou uma marcha de nome “Canção do Trabalhador”, exaltando o trabalho, que foi lançada em um comício que anualmente Getúlio realizava no campo do Vasco da Gama. Esse foi no dia 1° de maio de 1940.
Galhardo também gravou um samba de nome “Brasil, Brasileiro” que em sua segunda parte dizia:
“Brasil, meu Brasil de Caxias, herói consagrado,
Padrão de meu povo.
Brasil, meu Brasil tão querido,
Que espelhas no mundo, com o Estado Novo”...

Vê-se que as músicas exaltavam o país e o trabalho.

Durante a guerra, era a exaltação à possibilidade de se ir à guerra com prazer...

Galhardo gravou:

ESPERA MARIA
Se eu for para a guerra Maria,
Amor, não fique triste, não.
Eu volto, Maria, eu volto.
Eu volto pra pedir a tua mão...”

Quando os soldados voltaram foram recebidos com muitas festas e depois...
Muitos voltaram mutilados , todos desempregados e assim ficaram por muito tempo.
Isso é o que acontece com os "heróis da guerra". Seja ela qual for.

Aqui descrevi um pequeníssimo resumo do que foram os anos da Ditadura de Getúlio Vargas.

Diferente do tempo dos militares (entre 1964 e 1985) o povão do tempo de Getúlio o ADOROU.
Getúlio ficou, no total, 15 anos, primeiro como "governo provisório" depois como ditador.
Era o Chefe da Nação.

Com o General Gois Monteiro regressando do exterior dizendo:vim para o Brasil para acabar com o Estado Novo, começou aí o fim daquele longo período.

A imprensa ficou livre e denunciou o regime, mas Getúlio era amado pela classe trabalhadora, principalmente operários, mesmo assim foi destituído em 29 de outubro de 1945

Mas foi esquecido? Não! O povão gostou? Não!

Lá de São Borja, sua terra natal, no Rio Grande do Sul ele disse: VOTEM EM DUTRA!.
E Dutra foi eleito.

E não terminou aí.
5 anos depois apareceu um movimento de nome "Queremismo", que dizia:"Queremos Getúlio".

E Getúlio voltou, desta vez eleito Presidente da República.

O que aconteceu depois? O que houve em 1954?
Essa é outra história.

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