Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O CRATO NÃO É MAIS A TERRA DA CULTURA

Não somos mais a “TERRA DA CULTURA”.
Infelizmente podemos constatar que os nossos valores, hoje, são outros. Podemos nos despedir do Mestre Aldemir e do seu Reisado. Do Maneiro Pau, das Quadrilhas, das Bandas Cabaçais, dos nossos artesãos,etc.
Para uma grande parcela do povo do Crato (os que se dizem cultos), eles hoje representam o atraso. Atraso que só o povo sem cultura, aqueles da periferia, lá da zona rural, gosta. Será? Isso é verdade?
Eles estão confinados a minúsculos espaços na nossa cidade. Estão confinados ao gosto de uns poucos que teimam em não acompanhar a tão propagada MODERNIZAÇÃO.
Ouvi dizer que no Juazeiro o povo gosta. Tem até uma praça dedicada aos Mateus dos reisados, aos Bacamarteiros, aos Romeiros. Em Barbalha, a cultura, dita popular, já chegou às escolas. Será que eles são incultos??
Se assim for, o que dizer então do povo de Recife, com os seus Maracatus, com o frevo e os seus carnavais??. O que dizer do povo de Maranhão com o seu Boi Bumbá?? O que dizer das festas negras da Bahia?? E dos Guerreiros Alagoanos?? Seus reisados??
Vou além mar...O que dizer do Fado português? das danças Russas? do Kabuki Oriental? da dança do ventre? Não serão todos representantes culturais dos seus países??
Eles por aqui aportam como ATRAÇÕES INTERNACIONAIS...

Vivemos a era do eletrônico sim. Mas, isto é um motivo para a morte desses valores? O mundo todo vive essa dicotomia. Por quê em outros lugares as duas coisas convivem em paz? Será que todos são burros? Incultos?

Por quê será que a Europa manda buscar no Cariri a Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos?? Talvez por serem burros, iletrados, incultos.
Hoje é dia da Cultura. Mas... onde está a nossa cultura?? Onde andam os nossos fomentadores?? Onde andam os nossos músicos? Atores? Artistas plásticos?
A maior festa do Crato lhes nega espaço e se expõe aos “forrós eletrônicos”(se é que podemos chamar de forró). Os nossos valores são confinados a um minúsculo palco.
Que motivos tem os “papas” da expocrato para acharem que eles não tem direito ao Palco Principal?? A um espaço digno. Eles não representam a cultura da cidade??
Já vi shows que não deixaram a desejar. Ex-Dihelson, Lifanco, Abidoral, Cleivan, etc...
A nossa cidade é muito rica culturalmente. Temos músicos clássicos, grandes instrumentistas, poetas, atores, cantores, artistas populares aos montes, artistas plásticos, etc, etc, etc... Falta a valorização desses artistas. Falta-lhes espaços.
Pergunto novamente: Onde andam os nossos fomentadores??

ACOOOORDA CRAAATO. “ TERRA DA CULTUUUURAAAA”.

Já que bradamos ao mundo que somos a terra da cultura, briguemos por ela.
HOJE É DIA DA CULTURA. PODEMOS COMEMORAR???

Wilton Dedê

6 comentários:

socorro moreira disse...

O texto me arrepiou !
Obrigada Dedê pelo teu grito de alerta.

Grande abraço.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Infelizmente, a Rede Globo com seu padrão televiso e linguagem única para todo Brasil, mostrando novelas que mais deformam que diverte ou educa as pessoas, está destruindo a diversidade cultural do nosso país. Este fenómeno se faz notar também no Crato e em outras regiões.
Já que o sistema de radio difusão falado e televisivo é uma concessão federal, por que não obrigar as concessionárias de televisão a exibir cursos e outros programas educativos no horário das seis horas da tarde até nove da noite? Sabem a que horas está passando o telecurso? Às cinco horas da manhã. Pode?

Claude Bloc disse...

Dedê,

Seu texto foi de extrema pertinência, direto ao ponto crucial, atingiu em cheio o problema e a questão que vivo levantando.

É inconcebível este descaso em relação à arte em Crato visto que nossa cidade é um celeiro de artistas.

Fui tentar resgatar a memória da praça da Sé uma vez e me disseram que sou retrógrada, que a cidade se modernizou, que não podemos querer que o Crato volte ao que era nã nossa juventude. Mas a questão não é esta. O problema é que estão sufocando a cidade e matando o que resta da História de um povo, abafando as tradições que todos cultuam por aí...

Veja o descaso com o prédio do Crato Hotel que deveria ter sido tombado... e que agora virou antro dos "mijões" da noite.

E a arte, que representa a alma de uma cidade estão querendo apagar, impondo falsos conceitos de modernidade... Uma cidade não sobrevive sem sua História. Um povo não vive sem sua arte!

Assino embaixo!

Abraço,

Claude

Hesio Silva disse...

Wilton Dedê,
Não o conheço pessoalmente, mas...admiro a sua atitude. O Crato precisa recomeçar a ser ver. A se redescobrir.
O Sr. Carlos Eduardo comentou sobre os meios de comunicação. Lembrei que teremos um Fórum Regional de Comunicação. Mas...Quem está por trás desse Fórum?? As mesmas pessoas que em seus programas vibram e gozam com músicas do tipo: "Tem Rapariga aííí...?", ou coisa que o valha.
E ficam a se autojustificar com a velha frase " o povo gosta é disso...". Nãããoo. O povo gosta do que se lhe oferece. A informação está nas mãos deles. Por isso mesmo deveriam cuidar melhor dela.
Fico a pensar. Onde iremos parar??
A Sra. Claude Bloc foi chamada de retrógrada. Será que uma cidade colonizada não é sinal de cidade retrógrada??
Então, Por quê nos entregamos ao colonialismo??
Por quê os empresários cratenses através de suas representações(CDL, ASS.COMERCIAL,LIOS,ETC) não pensam em INVESTIMENTO, ao invés de DESPESA de suas empresas quando se fala em cultura na cidade?
Nos grandes centros, nos países ditos "desenvolvidos" o pensamento já é de investimento em cultura...
Pensem nisto...

Ulisses Germano disse...

Dedê,

O pacto da mediocridade se firma na acomodação da rede do rabo preso. "Cafetões culturais" espreitam a oportunidade certa de se fazerem opotunistas. Ouvido de mercador financia a futilidade exposta na proposta de uma modernidade mal planejada. Não sou do Crato. Morava em Fortaleza. Convia com pessoas interessantes (Euzélio Oliveira, Firmino Holanda) Toquei seresta, blues e rock and rool... Estou aqui há seis anos levado pelo destino. Devo tudo a essa cidade. O pouco que conheço é suficiente para amá-la. Mas a ignorãncia que destruiu o Castelo da Aldeota e antiga praça do Ferreira é a mesma que destruiu a Casa de Bárbara de Alencar e a Praça Siqueira Campos. Aconteceu, é irrefutável! A única defesa seria, talvez, alegar a ignorância como um álibe: "Seu Juiz não tive culpa! Minha ideia alienada de 'modernidade' me fez um criminoso do Patrimônio Material é Imaterial de minha cidade!" Não quero me aprofundar nem aplacar meu estado de vida! Quanto ao "fim" da Cultura ouvi, da boca do próprio Mestre Aldenir, "que o reisado vai acabar... é natural!" Concordo com ele e é por isso que fico perto dele tentando aprender o maximo possível da essência do folclore... Mas como diz um ditado popular dessa região "na boca de quem é ruim que é bom não tem valor! No entanto, a Cultura do Crato é tão farta quanto a sua enorme reserva de fósseis! Por essas e outras coisas é que eu optei em ser brincante e amante das coisas bem humoradas! Fundei um partido político chamado Partido das Questões Pertinentes - PQP. Um partido que permanecerá sempre na clandestinidade. Lutemos pelo que é pertinente! "Manda quem pode, obedece quem tem juízo". Essa frase tão comum vem sendo a pedra filosofal de muita gente desprovidade de massa cinzenta. O Partido das Questões Pertinentes - P.Q.P. desconstruiu, ou melhor, aprimorou esta premissa de cangaceiro, e diz: !Manda quem sabee e é competente, obedece quem quer aprender pra ficar contente!" E o que é pertinente é que o Crato é um município órfão dos que teimam em tira o "C" do Crato. Cada qual com seus cada qual.
Abraço fraternal

Ulisses Germano Leite Rolim
PRESIDENTE DO P.Q.P.
Partido das Questões Pertinentes

Unknown disse...

Valeu Dedê. Parabens pela coragem. Tomara que seu texto "acorde" uma cidade que insiste em não enxergar o que realmente se constitui valor e contribui para o que representa uma cidade rica. Precisamos de contribuições como a sua para salvar uma juventude perdida.