Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

32 anos sem Clarice Lispector


Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha. Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977). Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo. Sobre Clarice, escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. (...). É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".



A descoberta do mundo
Clarice Lispector
Crônicas 480 páginas
ISBN: 8532509517



A descoberta do mundo é o primeiro trabalho de crônicas de Clarice. Mais do que ousar em um novo estilo literário, até então incomum em sua obra, a escritora faz desta publicação um diário de bordo da sua vida: paixões, histórias, entrevistas, filmes, enfim, tudo o que participou de alguma forma de sua existência.

São 468 títulos de crônicas publicadas aos sábados no Jornal do Brasil — certos dias agrupam várias delas, pequenas — entre 1967 e 1973 e, curiosamente, muitas delas poderiam ser republicadas hoje sem que ninguém percebesse a passagem dos anos. Algumas reflexões são atuais e atemporais. Personagens e pessoas que passaram por sua história, como suas empregadas Aninha e Jandira, e uma jornalista, Cristina – ela não cita os sobrenomes –, são retratados em passagens da memória de Clarice. O livro é dividido em dias, como se fosse um diário, mas sempre entre realidade e ficção. Esta última, no entanto, revela com fidelidade as incertezas que cercavam sua enigmática personalidade.

A vida cotidiana e os acontecimentos no Brasil daquela época permeiam a narrativa. Em meio aos devaneios permanentes que foram marca pessoal da autora, surgem importantes nomes da cultura brasileira e latino-americana. Em uma das crônicas, por exemplo, a atriz Fernanda Montenegro é elogiada por seu desempenho na peça "A volta ao lar", de 1967. Em outra, a autora conta como conheceu Chico Buarque, sem esconder que esse foi um momento especial: "Quando meus filhos souberem que eu o vi vão me respeitar mais."

Há ainda uma entrevista com o educador Alceu Amoroso Lima e uma pequena conversa com o poeta chileno Pablo Neruda, quando este esteve no Brasil, em abril de 1969. Embora não seja romance, seu estilo habitual, este livro reflete da mesma maneira o pensamento irrequieto de Clarice Lispector. São pequenas confissões, cartas, histórias, "causos" da escritora que até hoje intriga profundamente os apaixonados por sua literatura, e até mesmo aqueles menos aficionados. Como poucos autores brasileiros – embora, no livro, ela se autodefina "um escritor, sem sexo ou com os dois, como outro em qualquer lugar do mundo", ela coloca em sua obra marcas extremamente pessoais, que no entanto se confundem com os questionamentos de qualquer ser pensante.

Sobre a autora

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, em 1920, na cidade de Tchetchelnik, vindo para o Brasil dois anos depois com os pais e mais duas irmãs. Primeiro fixaram residência em Maceió e depois em Recife, onde a escritora passou sua infância. Em 1930, Clarice perde a mãe e vem com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, onde se forma em Direito e casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve Pedro e Paulo, seus filhos. Em 9 de dezembro de 1977 morre de câncer.

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