Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS - por Stela Siebra

Bisaflor estava viajando de férias, por isso ficou alguns dias sem contar histórias no Cariricaturas. Hoje ela nos traz a leitura de um livro escrito pelo cearense de Saboeiro, Almir Mota:

A PEDRA ENCANTADA

Era assim todos os dias, lá no sítio Cabeça do Boi, onde moravam meus avós e minhas tias. Bem cedinho as três tias desciam para o rio Conceição, se banhavam e voltavam com potes cheios de água da cacimba.
Aquele rio era quase seco o ano inteiro, tanto que dava para caminhar dentro dele. Tinha poucos poços, mas se chovia no inverno o seu enchia-se de água barrenta, vinha veloz trazendo tudo pelo caminho.
Uma tarde fui com as tias Gecília e Anastácia para o rio, descemos e quando chegamos, só tinha um poço e do lado avistei uma grande pedra, comprida com ponta para cima, quase em pé, aqui bem no meio do leito do rio.
Vendo minha admiração, tia Anastácia foi logo dizendo: - Esta pedra é encantada - e continuou - Quem conseguir ler o que tem escrito nela fica rico.
- Mas tia, não tem nada escrito aí!
- É invisível, dizem que depois de lido aparecerão tesouros e mais tesouros.
- Para mim ela parece uma pedra comum.
- Não! - disse tia Gecília - ela pertence a um reino encantado, aqui deve ser a porta de entrada.
- E o tesouroW - perguntei.
- O tesouro é para quem descobrir o encantamento - disse tia Gecília.
Depois de alguns dias, eu mesmo nunca consegui ler o que tem na pedra. Quando buscava água na cacimba, olhava-a e ficava ali por algum tempo, depois voltava para casa.
Outro dia na contação de "causos", vovó Canela contou uma tal de história da princesa do "Reino da Pedra Fina", mas da pedra lá do rio, nada. Mas quando eu perguntei, ela falou que muitos cavaleiros de outras terras, sabendo do tesouro, apareceram para decifrar o segredo. Tudo em vão, voltavam de mãos vazias.
As pessoas das redondezas já estão acostumadas. Sempre que passam no caminho e atravessam o rio, indo para o outro lado, indo para as festas de sanfona ou viola ou mesmo vindo da cidade de Saboeiro, param, olham a pedra, às vezes até se demoram, mas nunca consguem ler o encantamento. Sem sucesso, seguem viagem
Engraçado, os pássaros, por sua vez, nunca pousam naquela pedra, não se sabe o porquê, e ela sempre está limpa, muito limpa. Os pescadores é que falam, que quando de madrugada, pescando "coró" nas locas do riacho, bem mais na frente do sítio do meu avô, veem um clarão para estas bandas.
Ninguém viu de perto, mas dizem que é a Pedra do Reino Encantado, brilhando como uma luz na escuridão da noite.
- São eles do outro lado abrindo a porta, visitando a gente pra conhecer o nosso mundo, - diz tia Anastácia - deixando tesouros encantados em forma de pedras.


4 comentários:

Anônimo disse...

Stela,

Que historinha encantadora!
Conte mais.


Abraços


Magali

Claude Bloc disse...

Linda história... Me parece o tempo em que eu morava na Serra verde. A gente sentava à beira da fogueira na época de São João e saíam pérolas deste tipo.

Maravilha ler e relembrar

Vou ler pro Victor, meu netinho.

Abraço,

Claude

Heladio disse...

Prezada Bisaflor
Suas histórias me fizeram voltar ao tempo, portanto não há preço que lhes pague.
Um grande abraço
Heladio

Heladio disse...

Prezada Bisaflor
Suas histórias me fizeram voltar ao tempo, portanto não há preço que lhes pague.
Um grande abraço
Heladio