Tempo breve, matéria escassa, espaço limitado
mesmo assim recolho das sobras que posso
algo mágico:
uma infância tenra com ares enrugados
sob as sombras dos dedos.
Escrever versos
em folha branca
sem pauta
traz-me à tona
meu primeiro chocolate
minha primeira farofa de ovo.
Mesmo que amanhã eu morra
para meu conforto
as estrelas há mais tempo
morreram
e só agora
cegam-me os olhos.
Tempo breve, matéria escassa, espaço limitado
e tu entras dentro da minha mente
açoitas meu coração ingênuo
que te responde todos os dias -
mesmo quando não ouço.
Não hei de morrer
após este último vislumbre
como não foge
da minha alma o gosto
do primeiro chocolate
da primeira farofa de ovo.
As estrelas cadáveres
são fábulas.
As estrelas brilham
porque são cacos de vidro.
Decido então não morrer
após este último soluço.
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