Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ary Fontoura




Ary Beira Fontoura (Curitiba PR 1933). Ator. De grande versatilidade e talento cômico, Ary Fontoura dedica parte de sua carreira à comédia ligeira e aos personagens que, na televisão, marcam sua habilidade de composição e a expressividade de sua personalidade interpretativa. Destaca-se no teatro pelos desempenhos em Rasga Coração, de Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha), em 1979, e em produções no Teatro dos Quatro, na década de 80.

Na década de 50, interrompe o curso de direito para se dedicar à carreira artística. Em Curitiba, alcança popularidade como radioator e, a seguir, como redator e apresentador de shows de televisão. Faz teatro amador na Sociedade Paranaense de Teatro e inaugura o Teatro de Bolso da capital paranaense. Em 1964 muda-se para o Rio de Janeiro, onde ingressa no mercado em comédias ligeiras e em musicais: Mister Sexo, de João Bethencourt, 1964, Como Vencer na Vida Sem Fazer Força, de Abe Burrows, Jack Weinstock e Willie Gilbert, 1965; Música, Divina Música, de Oscar Hammerstein II e Richard Rodgers, 1966; e A Úlcera de Ouro, de Hélio Bloch, 1967. Faz também incursões por iniciativas artisticamente ambiciosas: Em 1966, está no elenco da prestigiada montagem Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, direção Paulo Afonso Grisolli; e participa, no Teatro Nacional de Comédia, TNC, da montagem de Rasto Atrás, de Jorge Andrade, dirigida por Gianni Ratto; e a seguir liga-se por algum tempo ao Grupo Opinião, onde faz, sucessivamente, O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol; e Jornada de um Imbecil até o Entendimento, de Plínio Marcos, ambos dirigidos por João das Neves, em 1968. Diversifica suas atuações entre teatro de revista (Tem Banana na Banda, com Leila Diniz, 1970), musicais (Alice no País Divino-Maravilhoso, 1970), comédias clássicas (O Peru, de Georges Feydeau, 1973), e muitas comédias ligeiras. Em 1976 obtém sucesso pessoal em Vivaldino, Criado de Dois Patrões, de Carlo Goldoni, adaptado por Millôr Fernandes, com direção de José Renato.

Em 1978 participa do elenco da Ópera do Malandro, de Chico Buarque, com direção de Luis Antônio Martinez Corrêa. Vem, a seguir, um dos pontos altos da sua carreira, quando em Rasga Coração, encenação póstuma da obra-prima de Oduvaldo Vianna Filho, mais uma direção de José Renato, em 1979, ele constrói um Lorde Bundinha dotado de radical colorido teatral. A partir de 1983 passa a trabalhar com freqüência no Teatro dos Quatro, onde encontra sucessivos papéis de peso, adequados ao seu temperamento, e que dão um impulso definitivo à sua criatividade interpretativa. É assim que o insólito Bobo da Corte que ele compõe corajosamente em Rei Lear, de William Shakespeare, direção de Celso Nunes, é distinguido com o Troféu Mambembe de melhor ator do ano de 1983. No ano seguinte, faz um divertido Conselheiro Agazzi em Assim É...(Se lhe Parece), de Luigi Pirandello, direção de Paulo Betti; e o seu comovente Pepino Priore de Sábado, Domingo e Segunda, de Eduardo De Filippo, lhe dá em 1986 um outro Mambembe.

Fora do Teatro dos Quatro, faz, em 1987, uma experiência como adaptador e diretor de Drácula, onde desempenha também o papel-título; e em 1989 testa-se como autor, em parceria com Júlio Dessaune, na comédia Moça, Nunca Mais, sem maior repercussão.

Paralelamente ao seu trabalho em teatro, Ary Fontoura desenvolve uma brilhante carreira de ator na televisão, desempenhando papéis de destaque em algumas das mais bem-sucedidas novelas da TV Globo e alcançando grande popularidade. Trabalha também em muitos filmes, e até a metade dos anos 70 cultiva um espaço profissional alternativo, como comediante de shows de boate.

O crítico Yan Michalski sintetiza o estilo do ator: "As raízes do estilo de interpretação de Ary Fontoura estão ligadas às antigas tradições dos comediantes populares: uma enorme facilidade de composição, um humor comunicativo, uma privilegiada desinibição e expressividade corporais fazem dele uma espécie de comediante dell'arte brasileiro. Com o amadurecimento artístico, ele tem se mostrado cada vez mais capaz de infiltrar nestas características generosas doses de emoção, sobretudo na construção de tipos frágeis, que exploram as fronteiras entre o patético e o ridículo".1

Notas

1. MICHALSKI, Yan. Ary Fontoura. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.

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