Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DEDÉ DE ZEBA - O poeta do Crato -Parte III CRATO ANTIGO

A ponte da Batateira,
a Ladeira da Matança.
motivo de brincadeira,
no meu tempo de criança.
Relembro as ruas de outrora,
com outros nomes agora,
Rua da Cruz, na entrada,
Rua da Pedra Lavrada,
Rua do Fogo e de Palha.

Vou me lembrando de tudo,
do meu tempo de menino;
Estevo; Mané Buchudo;
Gato; Puliça e Josino,
Todos gostavam do gole.
Chico da Luz; Mané Mole,
o Bloco dos Deodato;
tinham repentes com graça,
quando bebiam cachaça,
pelas bodegas do Crato.

Oh! como sinto saudade,
daquele Crato atrasado,
cheio de felicidade,
de cabaçal e reizado !
Me lembro quando , à tardinha,
eu ia olhar a Lapinha;
que tinha lá no Pimenta;
Jesus, a mula e o boi,
que o Crato ainda comenta.

Também ficou na história,
os testes de sabedoria,
a troco de palmatória,
batendo em minha mão fria.
E muita gente aprendeu,
o ABC do passado
Dona Vicença Garrido,
deixou o Crato instruido,
naquele tempo atrasado.

Bôlo de Dona Maroca,
brincadeira do Chicão;
o Figo com Tapioca,
lá na praça da Estação.
Seu Hormínio do cinema,
as comidas de Canena,
servindo café amargo.
Gonzaga de Melo e o xote,
Senen tocando serrote,
e os bonecos de Seu Argo.

Tudo vem de repente:
vejo Zé Pinto ao trombone,
vejo Agenor, o tenente,
Abelha e o saxofone,
o Mestre Chico Baião,
a bodega de Dão João,
onde sentia deleite.
O grande mestre Benício,
e o velho Joaquim Patrício,
com seu tijolo de leite.

Vejo o gordo João Toscano,
cantando sem ter fadigas,
tomando cana e cinzano,
cantando modas antigas,
no programa raridade,
que er a uma maravilha.
Tudo ali era bem certo,
a voz de Vicente Terto,
a voz de Maria Emília.

Me lembro da meninada,
daquela turma todinha,
que aperreava a coitada,
a pobre da Baixeirinha;
o cinturão de Tandor,
bodega de Zé Honor,
onde o preço era fiel.
Recordo a turma da praça,
contando historias de caça,
mentiras do Mizael.

E tudo me vem a mente,
me provocando um sorriso;
fortificando o repente,
dando brilho ao improviso.
São boas recordações,
momentos de emoções,
do meu viver bem vivido.
Dentro de mim guardo o retrato,
de tudo que vi no Crato,
este meu Crato querido.

Edições A Provincia de Jurandir Temóteo

2 comentários:

Corujinha Baiana disse...

Muito bom, Edilma .

Outra aula sobre a cultura cratense .

Um abraço
Corujinha

Edilma disse...

Corujinha,

Já está bem familiarizada com a vida cratense. Espero lhe encontrar no lançamento do livro do Cariricaturas.
Posso esperar ?

Beijo !