É do estatuto dos blogs o fazer-se/desfazer-se, assim como o é a estética do baú.
Remexer antigos escritos ou registros emergentes, mesmo se efêmeros, esmiuçar sua possível vida, em flashes quase fotográficos.
Também deixar que os textos se mostrem e circulem - aqueles de outros, que gritam em nós até que criemos espaço para eles, e os nossos próprios, quando doem ou apenas brincam.
Já não me preocupo tanto em definir o que é e para que serve um blog. Deixo que esteja, e o que tem maior impacto é a rede que ciranda em torno, movimento livre, fluido, discreto ou cantante. Pessoas que já estão em minha vida, outras que chegam, os "pequenos" (meus queridos jovens e extraordinários poetas) e suas lindas palavras, sinal de esperança tanta. Tudo o que me comove.
Não há lugar nele para arrependimentos, literários ou de outra sorte. Blogs são pós-modernos. São fragmento do cotidiano, rede de ligações e memória. Assim chegam, como canções no rádio, por vezes apenas matando o tempo, por vezes de inesperada beleza. Esta, a efêmera vida dos blogs. Mas, o que seria de nós sem as canções que tocam no rádio?
Deixar, pois, que o blog simplesmente esteja, casulo ou cápsula, bandeira desfraldada, tristeza ou alegria, silêncio ou evocação.
Derivações. Foto de MVítor. por Ana Cecília
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