Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quarta-feira, 31 de março de 2010

O encontro de Sofia com o mundo - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O olhar de Sofia contém o movimento do mundo. Quando fazemos algo e rapidamente ela se vira seus olhos dizem de contradições, misturas, sínteses e uma doçura misturada a uma curiosidade quase perplexa. Têm tanto brilho aqueles olhinhos pretos que desmancha todos os conceitos e preceitos sobre a vida. Tipo assim o preto como opositor do branco ou representante do escuro que contradiz o brilho.

É a forma de Sofia se encontrar no mundo. Que não é a mesma coisa de ela viver. Este é a mistura entre nós e o mundo. Já se encontrar no mundo é a forma de nos identificarmos como algo próprio. Não se trata apenas da individualidade solitária, mas da individualidade ao encontro do mundo e suas circunstâncias.

Sofia e penso que todos, têm um modo de se encontrar no mundo. Este modo se compõe de ligações permanentes que ao mesmo tempo em que nos conecta ao mundo, nos promove o desejo de modificá-lo. É o encontro de canal duplo, um que vai ao encontro do mundo como ele e outro que extrai do mundo o que ele poderia ser de diferente.

Por isso mesmo os conceitos, as normas e as visões são todos mutantes ou objetos misturados de outros. E quando Sofia nos dirige o olhar tudo isso se encontra nele. Esta fluidez da sentença. Aquele derreter do juízo final. E tudo isso já embutido do próprio amolecimento do que se diz. Mas mesmo assim não retornaria ao estado de solidez. De congelamento permanente no cosmo.
Mas o que faz Sofia se encontrar no Mundo? Agora e pode ser que por outras vias com pessoas distintas. Pois bem, falando de agora, este encontrar-se no mundo de Sofia é a mãe e o pai. Esta com maior intensidade. Afinal é no útero da mulher que o indefinido se define. Que ele se torna parte do mundo, ou melhor, se encontra no mundo.

A primeira ponte verdadeira entre Sofia e o mundo foi seu cordão umbilical com a mãe e desta com o mundo em geral. Mas considere-se que ambas, mãe e filha, já se encontravam no mundo nesta fase. Este mesmo cordão que depois se transpôs ao peito, à mamadeira, às mãos que limpam e ao colo que aquece.

Ontem à noite este simbólico do encontrar-se no mundo de Sofia se pôs em prática. Ela, nos braços do avô, choramingando: mamãe, mamãe, papai, papai. Sofia agasalhada ao colo do avô, ali adormecia, mas acordava em busca do seu encontrar-se no mundo.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Fílósofo de todas as sortes , que privilégio tem Soia, de ter um avô assim !
Que privilégio o nosso, quando ele chega, e deixa de presente, na soleira os olhos, um texto pra nos confundir, distrair... Aprendo assim !

Abraço apertado.