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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quarta-feira, 24 de março de 2010

Por Ana Cecília S.Bastos


"Bem dentro do coração guardado"


Sou apenas alguém do interior, em contato com coisas simples e essenciais, capaz de comover-se por inteiro com cantorias, com a poesia absoluta de uma canção sobre “o ermo da solidão das estradas”.

E fiel à obsessão pela poesia, no mais universal. Esta canção de Elomar faz parte do que está "bem dentro do coração guardado".

Violeiro


Elomar


Vou cantá no canto de primero

as coisa lá da minha mudernage

qui mi fizero errante e violêro

Eu falo sério e num é vadiage


E pra você qui agora está mi ovino

Juro inté pelo Santo Minino

Vige Maria qui ôve o queu digo

Si for mintira mi manda um castigo


Apois pro cantadô e violero

Só há treis coisa nesse mundo vão

Amô, furria, viola, nunca dinhêro

Viola, furria, amo, dinhêro não


Cantadô di trovas e martelo

De gabinete, lijêra e moirão

Ai cantadô já curri o mundo intero

Já inté cantei nas portas de um castelo

Dum rei qui se chamava de João

Pode acriditá meus companhero

Dispois de tê cantado o dia intero

O rei me disse fique, eu disse não


Se eu tivé de vivê obrigado

um dia iantes dêsse dia eu morro

Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro

já vem iscrito no livro sagrado

qui a vida nessa terra é uma passage

Cada um leva um fardo pesado

é um insinamento qui desde a mudernage

eu trago bem dentro do coração guardado


Tive muita dô de num tê nada

pensano qui êsse mundo é tudo tê

mais só dispois de pená pela istrada

beleza na pobreza é qui vim vê

vim vê na procissão o Louvado-seja

E o malassombro das casa abandonada

côro de cego na porta das igreja

E o êrmo da solidão das istrada


Pispiano tudo do cumêço

eu vô mostrá como faiz um pachola

qui inforca o pescoço da viola

E revira toda moda pelo avêsso

e sem arrepará si é noite ou dia

vai longe cantá o bem da furria

sem um tostão na cuia o cantadô

canta inté morrê o bem do amor.

Ver por Xangai em http://br.youtube.com/watch?v=KtHZVb3qMzI&feature=related Pássaro. Foto de MVítor.

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