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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 13 de abril de 2010

A LENDA DO BEIJO ETERNO


A LENDA DO BEIJO ETERNO, daria orijem há povoação chamada Casteleiro?
Consta que em tempos que já lá vão, quando havia Fadas e Varinhas de Condão, vivia na Torre do Castelo um Alcaide cuja esposa era muito virtuosa e respeitada pelos seus dotes de magia - era Fada.

O casal tinha uma única filha, que no tempo das guerras com os Mouros, se apaixonou por um Príncipe Mouro que estava chefiando o cerco a Sortelha há muitos meses.

Foi um amor que nasceu e cresceu apenas por olhares, gestos, sinais e mensagens.

O seu desejo de se encontrarem físicamente era enorme, mas enorme era também a barreira que os separava - a religião e a guerra.

Mas uma noite, deu-se a coincidência de ficarem de sentinela à Porta da Torre, à Porta do Castelo e à Porta da Traição três soldados da confiança da Menina que conheciam a sua paixão e o seu amor impossível.

Pelas duas horas da madrugada, quando tudo dormia, os soldados não foram traidores, porque não permitiram que entrasse mais ninguém, mas autorizaram a entrada do Príncipe desarmado e a saída da Torre, à Menina.

Para não serem vistos, ele subia ansioso a encosta pedregosa do Castelo e ela descia apaixonada e silenciosamente.

Mas a sua Mãe, que, como disse, era Fada, teve um pressentimento que sua filha se tinha levantado e iria fugir com um rapaz considerado inimigo e infiel, quando, afinal, o sonho do Casal era casarem-na com o valeroso e cristão filho do Alcaide do Sabugal, ali tão próximo, no Reino de Leão, com o qual haveria todo o interesse em estabelecer bons laços de vizinhança. Levantou-se com jeitinho da cama para o marido, o Alcaide, não acordar e não originar grande alvoroço e escândalo.

Pensava até que a um brado da mãe, a filha, que, até então, se tinha mostrado tão religiosa, casta e obediente, caisse em si e se arrependesse da insensatez que ia praticar.

Quando a Fada se assumou no alto da muralha, viu que já se estavam beijando.
Ficou tão chocada que num gesto precipitado, fez acionar a sua varinha de condão e ninguém mais voltou a ver a filha do Alcaide e o Príncipe. Nesse lugar onde eles estavam, ficaram apenas dois penedos beijando-se numa posição a que o povo chama de Beijo Eterno.

A Moirama, com o desaparecimento misterioso do seu chefe, retirou-se e o Alcaide de Sortelha, desgostoso e sem descendência renunciou ao cargo e com alguns que o quiseram seguir e deixar a guerra foi amanhar as boas terras de cultivo que possuia no fundo do vale, onde fundou uma povoação chamada Casteleiro.

Se a Lenda é verdadeira ou falsa não sei. O que sei é que estando no Corro, se olhar para a encosta do Castelo, lá vê os dois amantes transformados em penedos a beijarem-se eternamente.

Nota: É com autorização do Autor que publico esta Lenda. Pode encontrar esta e muitas outras no Livro de Dr. vitor M. L. P. Neves. Sortelha museu aberto.

"Quim"

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