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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Chão de estrelas - por Norma Hauer

CHÃO DE ESTRELAS

Ele nasceu no dia 7 de maio de 1894 em Vila Isabel, bairro que na época não era mais do que algumas fazendas, mas que se tornou berço do samba e das serestas. Afinal ali nasceu ORESTES BARBOSA, que com seu “Chão de Estrelas”, fez as estrelas iluminarem o chão de Vila Isabel.

. Autor de versos maravilhosos, muitos musicados por Francisco Alves (14), outros por Sílvio Caldas (também 14) e inúmeros outros por vários compositores.
Musicaram versos de Orestes, Nássara (Caixa Econômica); Ary Monteiro (Canário); Ataúlfo Alves (O Negro e o Café) e centenas de outros.
ORESTES foi autodidata e muito cedo começou no jornalismo, sendo sempre um lutador pela democracia, a ponto de, em 1945, fundar um jornal exatamente com o nome de "Democracia", que não durou muito, mas foi combativo quando estávamos saindo da ditadura Vargas e enfrentaríamos as primeiras eleições livres.
Quando do centenário de seu nascimento (7 de maio de 1994) a Caixa Econômica, pelo fato de Orestes ter uma composição com esse nome, fez uma homenagem especial a Orestes, em sua agência no Boulevard, na qual Sílvio Caldas, já com 86 anos, interpretou "Chão de Estrelas"(o óbvio) e "Serenata"(outra belíssima valsa da dupla Orestes e Silvio Caldas, de difícil interpretação). Foi a última vez que vi Sílvio Caldas e penso que foi sua última apresentação em público.
Nessa mesma festa, Roberto Barbosa, neto de Orestes, lançou um livro sobre seu avô, com o nome de "Passeio Público", no qual se podem conhecer as várias etapas da vida de Orestes e a relação de todas suas composições.
Ali vemos que a primeira gravação de uma composição sua foi "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves(1928), que só passou a fazer parceria com Orestes em "Abelha da Ironia"(1932). A primeira parceria com Sílvio Caldas foi em 1934, com "Soluços", gravação de Floriano Belham.
Somente em 1936, Sílvio gravou "Santa dos Meus Amores",seguindo outras ("Chão de Estrelas" foi em 1937) até o ano de 1938, quando gravou "Suburbana".

Nesse ano (1936) Sílvio e Orestes tiveram uma desavença e a valsa "Vestido das Lágrimas", da dupla, foi gravada por Floriano Belhem., assim como "Soluços".
Somente em 1952 Sílvio gravou "Vestido das Lágrimas" ( em seu primeiro LP de 10") que recebeu o nome de "Saudades".
Foi, também, o primeiro LP de um cantor brasileiro.

Francisco Alves, morto em setembro de 1952, não chefou a gravar LPs.
Todas as composições de Orestes gravadas por Francisco Alves o foram em 78 rotações, como "A Mulher que Ficou na Taça" , "Não Sei"; "Meu Companheiro"; "Romance"; "Ciúmes"; "Dona da Minha Vontade"...

Fugindo do óbvio, quero deixar aqui a letra de uma composição de Orestes, com Newton Teixeira, gravada por Carlos Galhardo.

TENS RAZÃO

Tens razão nessa vaidade
Eu sei que toda a cidade
Delira com teu olhar!
Perdoa, essa gente louca,
Que é louca por tua boca,
Morango do meu jantar.

O meu olhar te procura,
No meio dessa loucura,
Dos olhos das multidões.
Dos olhos dos desgraçados,
No teu vestido pregados
Pregados como botões

Oh, minha avenca nervosa,
De unhas pintadas de rosa,
E olheiras de tanto amar!
Olheiras de violetas,
Tarjando essas borboletas
Noturnas do teu olhar...

Para abanar-te a beleza,
Pedi à delicadeza,
Um leque bem singular.
E tonto na imagem tua,
Quis por um cabo na lua,
Só para ir te abanar.

Na capa do livro de Roberto Barbosa tem o manuscrito de "Chão de Estrelas", que desmente uma informação que Sílvio Caldas
gostava de repetir dizendo que o nome "Chão de Estrelas" fora dado à composição por Guilherme de Almeida, porque a música chamar-se-ia "Sonoridade que Acabou".

Conversando a esse respeito com Roberto Barbosa, ele disse que Sílvio gostava de "inventar" histórias.

Orestes Barbosa faleceu em 15 de agosto de 1966, aos 72 anos.


Norma

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