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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 7 de maio de 2010

A vida é eterna assim como o hoje se materializando em futuro - Por José do Vale Pinheiro Feitosa

Nem todos renunciam ao evento mais certo da vida. Carregam uma carga tão opressiva que desejam o fim. Outros, por dificuldades de leitura do próprio processo de viver, sufocante nesta interpretação, terminam promovendo a própria morte.

Os que não desejam o certo momento - que não é calendário, portanto não é destino, apenas acontecem numa data, como todo evento certo de acontecer no cosmo, - têm uma relação dual com esta ocasião. Sabem que é certo, mas procuram negar. Negam não apenas na subjetividade da mente, mas na materialidade dos termos da vida. Sabem que acontecerá até por regra dos limites de tempo de geração das pessoas.

Esta dualidade, no entanto, é plena de esperança, de continuidade e até de superação dos limites. E não fala da continuidade óbvia da fé na alma eterna, mas da projeção da soma entre passado e presente em relação ao futuro. As elaborações de modo racional e as construções de fundamentos como ação material, em face do futuro, são a mais consistente prática de superação dos limites deste evento mais certo da vida.

Os filhos, os jovens, os que nascem, se inserem como elementos de superação da morte. E o mais certo desta construção de eternidade, tendo o futuro como guia, não se encontra no futuro, pois isso seria apenas idealismo. Na verdade se faz na prática é a permanência do hoje, mesmo quando este é superado. O hoje, como desdobramento num tempo que ainda não existe, mas temos certeza que existirá, pela própria existência do hoje como natureza inalienável do mundo. O hoje é o acontecimento possível e que possui as condições “sine qua non” para existir no universo ou, de modo mais regular e compreensível, na natureza do planeta terra.

Então, é por isso, que seja pela fé num espírito eterno ou sem ela, estamos igualados nos mesmos termos gerais. O futuro existirá porque o passado e o hoje existem. Mas com isso não congele a história da humanidade. O hoje se mostrou diferente, por que a história muda, as civilizações têm compreensões distintas do mundo e da sua própria sociedade. A civilização entra em decadência e com ela a compreensão que se tem do hoje. Considere que talvez compreensão seja um termo genérico, que melhor seja dizer algo como o modo como é organizado o hoje na vida material e “espiritual” das pessoas.

Agora considerem a situação de um amigo. Ele já se aproxima dos sessenta anos. Desde muito anos que se descobriu como tendo uma má formação congênita no cérebro, que é inoperável, e que pode desencadear, até mesmo quando em repouso, um acidente vascular cerebral. É uma situação extrema na relação com o momento certo.

Quando pensa no futuro, imagina que tem de se agarrar a um hoje imponderável, na beirada de um precipício. O hoje dele é o potencial de sonegação do futuro. É uma subtração subentendida. Um tropeção na linha dos eventos por acontecer. Mas acorda e já tem sessenta anos e nada aconteceu. Construiu o futuro com os elementos de seu passado e, mesmo, no âmago da incerteza, está pleno de certezas, tem uma família, filhos, patrimônio material e todo dia faz caminhada.

Não faz sozinho. A mulher sempre ao lado. Ele não quer de repente sofrer o acidente vascular e ficar solitário agonizando no meio da rua. Ela é médica, quem sabe poderá algo, mesmo que não possa. Mas ambos podem e agora mesmo, são 8:27 da manhã e ambos caminham inventando o futuro e, quando seria a exceção ao modelo antes descrito, é exatamente a afirmação dele.

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