Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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domingo, 30 de maio de 2010
A DOR MORAL DA CRUZ DE VERDADE - DIALOGANDO COM DEUS!
Um dia em meu quarto solitário e triste roguei ao Senhor Deus:
Ó Senhor sinto-me cansado de lutar contra minhas próprias criações! Dai-me senhor a clareza de Espírito para resolver todos os problemas que me afligem. A dor moral é imensa. As vezes tenho vontade de recuar. Em outras vezes sinto necessidade de ir até o final para que se cumpra a justiça. Senhor rogo a Ti para me dar forças e inspirações do caminho que devo seguir. Cansado eu estou, mas com Sua fé sinto-me novamente renovado e fortalecido. Senhor, guia-me para não errar no mundo das suas leis Divinas. Por favor, mostra-me a verdade. Por que Senhor, o mundo não quer deixar de acumular? Não quer dividir a terra. Não quer repartir o pão. E esconde a verdadeira e boa mão. Quando se doa é para depois cobrar o lucro contabilizado pela segunda imperfeita mão. Poucos conseguem dar de coração. A maioria prefere a lógica da "caridade" do lucro da razão. Senhor, guia-me para que eu não precise ficar doente pelo contato nessa relação. Senhor, livra-me da queda. Prefiro a perda de todos os bens materiais do que cair do lugar existencial de SUA consciência. Dai-me a SUA Paz na compreensão dos meus erros e dos meus acertos. Dai-me o equilíbrio no discernimento da SUA Ação em mim. Dai-me a luz da SUA sabedoria. Dai-me a verdade da SUA visão.
Então uma doce voz interior me disse com paciência:
_ Ó criatura vejo que sentes muita dor. Mas, também sei que tu tens que continuar a caminhar. A cruz está pesada. O sangue escorre pelos seus vários cantos do corpo. A dor moral é imensa. Ainda resta muito que caminhar. A estrada de sacrifícios é longa. Seus olhos estão banhados de suor da testa. Suas mãos estão banhadas de sangue das feridas existenciais. Estais cansado, mas nem por isso podes deixar de cumprir a Minha vontade. Os indivíduos inimigos te olham com um olhar de condenação. Aqueles que te traíram estão satisfeitos pelo dinheiro recebido e pela oferta aos cães humanos. Seus pés pisam descalços pedras duras pontiagudas. Ó criatura a sua dor não é assim tão maior que a Minha fé, por isso ainda não sucumbirá a tentação da queda, da queixa e da reclamação! Seus ombros sentem o peso insuportável dessa cruz de verdade. Seu coração reclama o sangue perdido na perfuração das lanças inimigas. Seus pulmões pedem o ar da sua pouca respiração. A cruz de verdade é pesada. Ela foi feita com madeira-de-verdade para que cada um carregue na estrada da vida de sacrifícios das inverdades desse mundo. Ninguém pode deixar de carregar a sua própria cruz de verdade. A coragem de caminhar tem que ser superior ao medo da morte e da incompreensão. A cruz não pode cair. E nem escorregar de suas mãos. E muito menos passada para o outro ao lado que sente compaixão. A cruz precisa ser conduzida com fé e muita devoção. Essa cruz de verdade é o lugar onde todos os pecados serão sacrificados e assim a humanidade será redimida de suas fraquezas. A humanidade das preocupações, das expectativas, das incertezas, das criações ilusórias, das fantasias imaginárias, das hipocrisias, das injustiças, etc. Ó criatura aceite esse desafio de viver e de morrer por uma verdade maior! No último dia-existencial preso a essa cruz verás a Minha glória. A dor se transformará em Bem-aventurança. O caminho deixará de se grudar aos seus pés. O peso da verdade deixará o seu ombro. E assim livre da cruz e do caminho da inverdade poderás dizer: eu sou a raiz, eu sou a árvore, eu sou a madeira, eu sou o sol, eu sou a cruz,
EU SOU LUZ, EU SOU EU, EU SOU FILHO DE DEUS!
Bernardo Melgaço da Silva
Prof. e Pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre Ciência, Espiritualidade e Filosofia – NECEF/URCA
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