Toda tarde tu me chegas
Pra cantar no meu terreiro
E eu fico a te procurar
Entre os galhos do oitizeiro
Mas, não é pra te espantar
Quero só te escutar
Sabiá sei que tu cantas
Por querer me alegrar
O meu peito consolar
Só porque me viu chorar
Quando pela estrada andei
Procurando o que deixei
Meu sabiá, eu chorei
E a você vou negar não
Chorei porque não achei
Aquele velho cajueiro
Onde desenhei um coração
Com as iniciais do amor primeiro
Porque não vi o engenho
A doce cana caiana
A garapa, a rapadura
Aquele doce umbuzeiro
O gado no pasto berrando
E o vaqueiro campeando
Sabiá, também chorei
Quando para o curral olhei
E não vi mais a fartura
Do leite cru no capucho
Porque não vi apitando
O carro de boi na estrada
Sabiá, se eu chorei
Foi porque não encontrei
O riacho de água doce
Onde eu ia me banhar
Chorei ao ver os terreiros
Onde eu corria e brincava
E ao lembrar-me dos brinquedos
Que eu mesmo inventava
Marcos Barreto de Melo
Foto de Pachelly Jamacaru
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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc
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4 comentários:
Marcos
Sei que o Crato é forte nas tuas lembranças, por isso tu as desmanchas em poesia. Cada vez mais inspiradas. Parabéns.
Caro primo Marcos
Fico muito feliz em vê-lo fazendo poesias tão belas. Gostei muito desta. Um grande abraço!
Marcos,
a beleza do teu poema me encantou; lembrei dos sonetos do meu avô que também conversava em versos com os passarinhos.
Stela, Carlos e Aloisio,
Que bom saber que vocês gostaram desses versos. Fico contente com os comentários. Obrigado pelo incentivo.
Abraço,
Marcos
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