Recordar o passado é vivê-lo, com mais experiência. Podemos fazer comparaçõe. no “modus vivendi” de gerações diversas.
Hoje, estou em plena Praça Siqueira Campos, outrora, palco político, dramático, com corações a pulsar de jovens. Era o ponto de convergência das diversas camadas sociais da cidade.
Coloco meus olhos no pensamento e volto àqueles tempos.
Vejo moças desfilando, com seus cabelos ondulados, à, custa de bobes, ou frisados a ferro quente e saias armadas com grude de goma. Tudo é bonito e o coração fala mais alto do que o sexo. Rapazes, verdadeira comissão julgadora, as avaliam pela cultura, beleza e curvas ocultas por roupas de estilo severo, nada provocante.
Um grupo de estudantes traça estratégias para as eleições da futura diretoria da UEC. Políticos defendem a UDN e outros o PSDB e PTB. O grupo Teatral de Amadores Cratenses ensaia, por falta de teatro, uma peça a ser exibida, no Cine Moderno.
O Cine Cassino abre suas portas, mostrando, logo na entrada o Botequim de Vicente Lemos, meu pai, com doces, bolos, picolé, bombons e cerveja. Diariamente, lembro-me, havia duas sessões cinematográficas à tarde e à noite, domingos, três.
Qual o aluno que não gazeou aulas para ir ao cassino? Fizemos muito, eu e Lincon, aulas de Pe. David (física, química e matemática), com a justificativa de que seriamos advogados.
Ali, está o café de Isabel Virginia, local de diálogos de torcedores e jogadores de futebol, políticos e intelectuais, todos com o objetivo de trocarem idéias e comerem o delicioso doce de leite de Isabel, como chamamos.
Deparo-me com a "Casa dos leões", assim denominada, por existir, em seus jardins dois leões, grandes e, para as crianças, perigosos. Era a residência de Mozart Roibim. Estão lotados o Bar Glória, Sinuca de Miguel Siebra e a engraxataria, local onde engraxamos sapatos FOX, comprados na Azteca, para dançarmos nas tertúlias da AABB e Tênis Clube.
Os motoristas, Seu Cordeiro, Audisio Brinzeno, Maru, Antônio Pajé, Menezes e outros estão a postos, junto aos carros.
No centro da Praça, estão Dr. Ribamar Cortês, Dr. José Ribeiro Dantas, Dr. Dárcio, Emidio, Dr. Borges, conversando, amigavelmente, após cirrados debates no Tribunal de Júri.
No Bar de Alagoano, na esquina, Alcides Peixoto, após cantar, com voz de tenor, canções em casteliano, pega uma queda de braços com Quintino._Cândido Figueiredo e Salgado desfilam com carros novos. Parado, está o modelo novo de José Ribeiro Dantas. Coló passa com um carro sem capota, com amigos e “amigas”. Belarmino encerra os trabalhos da Amplificadora Cariri. A Cratense acelera os corações com Cauby Peixoto cantando "A Perola e o Ruby". Logo após, o Hino Nacional e um; "Até amanhã, se Deus Quizer.
E hora de ir para casa. Dou uma última olhada e vejo o eterno grupo, coração da Siqueira Campos, Silvina, Luisa, Teresa, Antônio Luis, Dr. Caio e Telezito, sentados nos bancos que sempre foram deles.
Thomaz Osterne e Stuart apagam as luzes. A turma de Pedra Lavrada me espera. Passaremos, como sempre, pelo beco do Pe. Louro, para molharmos as calçadas, um complementando a molhada do outro, até chegarmos à esquina. O prêmio era um sapoti.
Hoje tenho em mãos, fotos preto e branco, dali tiradas, por Maia, com saudades coloridas.
Geraldo Lemos
Set/2009
Um comentário:
Eita tempao bom. Eu ainda menino, dos jardins da Casa dos Leos, esperava a noite adormecser. Vinham os engraxates quse trabalhavam na calçada da referida casa, guardar seus instrumentos de trabalho no jardim de nossa casa. Confesso que tanto eu como meus irmaos mantinhampos, nos sapatos super bem engraxados a custa daqueles pobres trabalhadores. Muita saudade daquele tempo. Eita Geraldo venha novament3e com suas vboas memorias.
Abraços
Jair Rolim
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