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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tímida vitória – Por: José Nilton Mariano Saraiva

Embora não houvesse disponível qualquer informação a respeito do jogo praticado pelo adversário, a expectativa era que a seleção brasileira de futebol iniciasse sua participação na Copa do Mundo com uma vitória convincente e folgada sobre a enigmática e misteriosa Coréia do Norte, 107ª colocada no ranking da Fifa. Até mesmo porque o saldo de gols será o primeiro e determinante critério a ser utilizado ao final da primeira etapa do torneio, no caso de duas ou mais seleções em igualdade de condições terminarem.
E, no entanto, no embate de ontem o que vimos foi uma seleção brasileira tímida, travada, retraída, inofensiva, excessivamente burocrática ou, usando do popular jargão futebolístico, com o freio de mão acionado. Nossos principais jogadores, mesmo habituados a grandes decisões no futebol europeu, visivelmente sentiram o peso da estréia e ficaram longe de render aquilo do que são realmente capazes (o frio siberiano não é desculpa para o mau desempenho, já que acostumados estão, por jogarem e residirem na Europa).
O que vimos, aqui e acolá, foi o “ciclista” (Robinho) tentar pedalar com mais velocidade, levar sua mambembe bicicleta rumo ao gol adversário, mas ao seu lado nossa principal referência em termos de criatividade, Kaká, mostrava-se afobado, sem ritmo e incomodado com a apertada marcação, sem nada produzir e, até, atrapalhando em alguns lances. E o retrato emblemático da inoperância ofensiva daquele que deveria decidir (Luis Fabiano) traduzia-se nas constantes incursões do “capitão” Lúcio ao ataque, às vezes atabalhadoadamente, abrindo perigosas brechas lá atrás, conforme se comprovou no gol coreano, já na fase crepuscular da partida. Ainda bem que já havíamos feito dois gols, um dos quais um tanto quanto “acidental” ou espírita (o primeiro), já que o lateral Maicon chutou a bola sem maiores pretensões, na tentativa de impedir sua saída pela linha de fundo, conforme posteriormente declarou.
Ao final, até o pragmático treinador Dunga admitiu que a equipe não houvera rendido o esperado, ao tempo em que manifestou sua esperança de que, a partir do segundo confronto, enfrentando adversários teoricamente mais categorizados (que jogam e deixam jogar) a seleção se redima e apresente um melhor futebol, capaz não só de conseguir a classificação para a segunda fase, mas, e principalmente, se faça merecedora da confiança da torcida brasileira. E aí, embora o time deva continuar o mesmo, a conversa será outra, já estaremos num melhor ritmo, a tensão da estréia já se terá esvaído, o sangue já terá “esquentado” nas veias e a briga será entre “cachorros grandes”, pra valer.
Portanto, no próximo domingo, tal qual aconteceu ontem, nossas principais ruas e avenidas, das metrópoles às cidades interioranas, permanecerão estranhamente desabitadas, silenciosas e vazias, à espera de acolher, após 90 minutos, uma legião de apaixonados a comemorar mais uma vitória do nosso time.
A seleção ficou devendo, sim, mas temos plenas condições de progredir, render mais, deslanchar de vez (até porque os nossos principais adversários – Costa do Marfim e Portugal – agora não só já conhecem o modo de atuar da Coréia do Norte, como sabem da necessidade de abrir um placar confortável, na perspectiva de uma igualdade final).
Vamos chegar lá !!!



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