Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 2 de julho de 2010

David Lynch


Nascido em 20 de janeiro de 1946 na cidade de Missoula (estado de Montana), Lynch é filho de um pesquisador do departamento de agricultura dos EUA (Donald Walton Lynch) e de uma professora de inglês (Edwina "Sunny" Lynch). Seus avós maternos imigraramda Finlândia para os EUA no século 19, Lynch nasceu e foi criado dentro dos preceitos da religião prebisteriana. Teve uma infância itinerante no interior dos Estados Unidos da América. Mesmo assim, conseguiu concluir os estudos. Tendo o sonho de ser pintor, especializou-se sobre o tema numa academia de arte. Largou o curso mais tarde e partiu para uma viagem à Europa; em busca de inspiração para seu trabalho. De volta ao país de origem, Lynch viu-se na obrigação de trabalhar em ramos que não lhe agradavam. Ao mesmo tempo resolveu retornar aos estudos, entrando na Academia de Belas Artes da Pensilvânia. Em 1967 casou-se com uma colega e teve sua única filha mulher (teria mais dois homens), Jennifer Chambers Lynch, que se tornaria diretora e também tomaria gosto pelo bizarro. Foi ela quem dirigiu o "clássico trash" Encaixotando Helena (1993) (Boxing Helena). Lynch estava totalmente envolvido com artes plásticas, e isso se refletiu na linguagem de seus primeiros trabalhos, que também eram bastante provocadores. Nessa época realizou os seguintes curta-metragens: Six Men Getting Sick (1966), The Alphabet (1968), The Grandmother (1970) e The Amputee (1974).

Em 1971 começou a trabalhar na produção da sua primeira longa-metragem, Eraserhead (1977). E não foi tarefa fácil, tomando cinco anos de sua vida para a sua conclusão, além do final de seu casamento. Eraserhead foi considerado difícil. Na época de seu lançamento poucas pessoas assistiram o filme que já misturava o tão famoso mundo bizarro de Lynch e arte em stop-motion. Anos depois, dirigiu seu primeiro grande filme, O Homem Elefante (1980) (The Elephant Man). Produzido por Mel Brooks(que gostou do que viu em Eraserhead), o longa foi muito bem recebida pela crítica e recebeu oito indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor. Em 1984 Lynch dirigiria a ficção científica Duna, uma superprodução sob a tutela de Dino De Laurentiis. O resultado foi um retumbante fracasso, fazendo com que o cineasta nunca mais se envolvesse em projetos grandiosos. A sua volta por cima seria dada em 1986 com O Veludo Azul (Blue Velvet),thriller com toques de fantasia que deu a Lynch nova indicação ao Oscar da categoria. Além de uma parceria que viria a ser constante com o compositor Angelo Badalamenti. Em 1990 ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes com o estonteanteCoração Selvagem (Wild at Heart), protagonizado por Laura Dern e Nicolas Cage.

Ainda no mesmo ano Lynch faria sua estréia na televisão como criador de uma série que marcou época, Twin Peaks. Tendo como astro o mesmo ator principal de Duna e Veludo Azul, Kyle MacLachlan, a trama gira sobre a morte de uma jovem moradora da cidade que dá título à série. Lynch dirigiu apenas o piloto e cinco dos 29 episódios. Com o sucesso, em 1992 uma versão para o cinema foi lançada, onde mostrava mais detalhes sobre a intrincada trama. Para desespero do diretor, o filme foi um fracasso, arrecadando míseros quatro milhões de dólares. O mistério de Laura Palmer foi o único sucesso na TV de Lynch, mesmo tendo participado da criação de outros seriados. Um desses fracassos seria Mulholland Drive (2001, planejado como série televisiva mas adaptado para o cinema quando os produtores não gostaram do material apresentado. Em 1997, A Estrada Perdida (Lost Highway) chegou aos cinemas. É outro thriller com toques de fantástico e considerado pelos fãs do cineasta como o seu trabalho mais insano. Talvez por causa disso, realiza A História Real (1999) (The Straight Story) logo depois. O filme é diferente de tudo que ele já havia feito, sem quase nenhum elemento bizarro, a não ser pelo fato do protagonista atravessar o país a bordo de um pequeno trator para visitar o irmão. Lynch em "versão calma". Já em Mulholand Drive" voltaria a sua característica principal, com um filme recheado de personagens (muitos deslocados por terem sido desenvolvidos especialmente para a cancelada série de TV) e situações bizarríssimas. Foi o filme que revelou a atriz Naomi Watts e deu a Lynch o prêmio de melhor diretor do Festival de Cannes. INLAND EMPIRE (no Brasil, Império dos Sonhos), seu último longa, é um filme plástico. O filme é como se fosse uma interseção dele com outros filmes e um programa televisivo (Rabbits), este último, o ápice: onde tudo se espelha, e provavelmente tende a chegar, igual a um paraíso desorientado, o qual Susan/Grace (personagens centrais) conquista e contempla - a vencedora, guiada como o filme bruto foi guiado, pela intuição ou magia, numa linda explosão de vingança e libertação.

David Lynch sempre está envolvido em projetos. Nunca parou de produzir curtas e quase sempre cria filmes em animação. A internet também foi um caminho que adotou para divulgar o que cria tendo em seu site pessoal um grande acervo de trabalhos.

* Página oficial de David Lynch

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