Este texto foi publicado originalmente no Cariricult. Mas serve muito bem para nosso ambiente aqui, especialmente agora quando as visitas ao blog diminuem, já que todos estão com os olhos e mãos ocupados com a televisão e o jogo do Brasil e Holanda na copa do mundo de futebol.
Estamos numa revista de cultura. Esta palavra na borda da linha. Que tanto fala em antropologia, como sociologia e política. Que diz arte, artesão e produção. Que pode ir da filosofia a uma mera tecnologia (ou técnica). Que fala, por contigüidade, em educação e comportamento. Mas então é que tomarei um núcleo para me fazer entendido: a alma de um povo. Vejam que alma é aquilo externo ao corpo e o externo, ou a anima, é a construção coletiva, em sociedade, de uma visão de mundo. De nós no mundo.
Então, agora, tomemos dois movimentos: em primeiro o movimento secular ou milenar que num dado território construiu uma cultura, ou a alma de um determinado povo. O segundo movimento tem natureza universal de aculturação (modificação cultural) que pareceu originar-se no ocidente europeu (com a modernidade) e soterra todas as culturas daquele primeiro movimento.
Qual seria a “mecânica” do segundo movimento, que passo a chamar universal ou global? Em primeiro lugar o antropocentrismo (no renascimento), logo a seguir, colado ao primeiro, o individualismo (independente da hierarquia); em terceiro os estados nacionais (independente de Deus e dos Monarcas); em quarto a razão como uma regra universal; em quinto a libertação individual e coletiva da produção agropecuária; em sexto a ciência e a tecnologia de base científica.
Quando dizemos educação para todos, estamos falando em superar os velhos arranjos culturais, aqueles remanescentes e “arcaicos” ou os rebeldes que pretendem uma alternativa àquela “mecânica” universal. Por exemplo, o índio, faz parte do primeiro movimento a ser superado pelo segundo movimento universal. Assim como todos aqueles símbolos tão caros a setores sensíveis das classes médias e populares: xamãs, avatares, cultura folclórica etc.
Se falarmos em saúde pública, praticamente dizemos medicina técnico-científica e esta provoca enormes efeitos sobre as culturas básicas ou originais ou as tradicionais ou qualquer nome que se queira para as culturas de base territorial e não universal (ou global). Um exemplo: na Índia até 1974 havia uma Deusa da Varíola, chamada Shitala Mata, milenar, com milhares de templos, profundamente enraizada nas vilas rurais. Naquele ano a OMS partiu para a erradicação final da varíola, toda a Índia foi mobilizada, as escolas especialmente e o resultado: a vacina superou um mito milenar.
Poderíamos desdobrar isso em tudo: na moda, nos hábitos, no trânsito, na alimentação, nas artes e assim por diante. Fiquemos com a idéia que a modificação cultural globalizada não é mais apenas mero efeito do colonialismo e do imperialismo (embora os tenha como forte veículo), é, agora, algo parecido com um grande espelho no centro da humanidade a dispersar reflexos em todas as direções. Parece que por vezes tem alguma origem mais definida, mas logo a seguir, receberemos reflexos secundários vindo de outras fontes.
Enfim, isso tudo no remete para uma grande necessidade de consciência deste enorme espelho. Uma consciência que procure compreender-lhe as dinâmicas, que perceba os perigos inerentes, pois a capacidade de continuar a construir cultura não cessou. Apenas estamos na fase em que todos os humanos se tornaram interdependentes e, por isso mesmo, não podendo se resumir à mera padronização burocrática de meios e recursos.
Estamos numa revista de cultura. Esta palavra na borda da linha. Que tanto fala em antropologia, como sociologia e política. Que diz arte, artesão e produção. Que pode ir da filosofia a uma mera tecnologia (ou técnica). Que fala, por contigüidade, em educação e comportamento. Mas então é que tomarei um núcleo para me fazer entendido: a alma de um povo. Vejam que alma é aquilo externo ao corpo e o externo, ou a anima, é a construção coletiva, em sociedade, de uma visão de mundo. De nós no mundo.
Então, agora, tomemos dois movimentos: em primeiro o movimento secular ou milenar que num dado território construiu uma cultura, ou a alma de um determinado povo. O segundo movimento tem natureza universal de aculturação (modificação cultural) que pareceu originar-se no ocidente europeu (com a modernidade) e soterra todas as culturas daquele primeiro movimento.
Qual seria a “mecânica” do segundo movimento, que passo a chamar universal ou global? Em primeiro lugar o antropocentrismo (no renascimento), logo a seguir, colado ao primeiro, o individualismo (independente da hierarquia); em terceiro os estados nacionais (independente de Deus e dos Monarcas); em quarto a razão como uma regra universal; em quinto a libertação individual e coletiva da produção agropecuária; em sexto a ciência e a tecnologia de base científica.
Quando dizemos educação para todos, estamos falando em superar os velhos arranjos culturais, aqueles remanescentes e “arcaicos” ou os rebeldes que pretendem uma alternativa àquela “mecânica” universal. Por exemplo, o índio, faz parte do primeiro movimento a ser superado pelo segundo movimento universal. Assim como todos aqueles símbolos tão caros a setores sensíveis das classes médias e populares: xamãs, avatares, cultura folclórica etc.
Se falarmos em saúde pública, praticamente dizemos medicina técnico-científica e esta provoca enormes efeitos sobre as culturas básicas ou originais ou as tradicionais ou qualquer nome que se queira para as culturas de base territorial e não universal (ou global). Um exemplo: na Índia até 1974 havia uma Deusa da Varíola, chamada Shitala Mata, milenar, com milhares de templos, profundamente enraizada nas vilas rurais. Naquele ano a OMS partiu para a erradicação final da varíola, toda a Índia foi mobilizada, as escolas especialmente e o resultado: a vacina superou um mito milenar.
Poderíamos desdobrar isso em tudo: na moda, nos hábitos, no trânsito, na alimentação, nas artes e assim por diante. Fiquemos com a idéia que a modificação cultural globalizada não é mais apenas mero efeito do colonialismo e do imperialismo (embora os tenha como forte veículo), é, agora, algo parecido com um grande espelho no centro da humanidade a dispersar reflexos em todas as direções. Parece que por vezes tem alguma origem mais definida, mas logo a seguir, receberemos reflexos secundários vindo de outras fontes.
Enfim, isso tudo no remete para uma grande necessidade de consciência deste enorme espelho. Uma consciência que procure compreender-lhe as dinâmicas, que perceba os perigos inerentes, pois a capacidade de continuar a construir cultura não cessou. Apenas estamos na fase em que todos os humanos se tornaram interdependentes e, por isso mesmo, não podendo se resumir à mera padronização burocrática de meios e recursos.
Um comentário:
A gente vai levando...!
E a cada texto teu , nossa bagagem cultural fica acrescida.
Hoje recebemos a visita do Emerson. A capa do livro vai ficar muito linda !
Deixei o jogo para lá...Outras alegrias nos esperam.
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