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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Newton Bastos - por Norma Hauer


NEWTON BASTOS, cantor e compositor nasceu no bairro de São Cristóvão em 12 de julho de 1899 e viveu a maior parte de sua vida curtíssima (faleceu aos 32 anos, em 8 de setembro de 1931) no Estácio, onde se juntou a Ismael Silva, "bamba" do local.
Mas chegou a compor vários sambas, em uma época em que o samba não era bem visto pela sociedade hipócrita de então. O rádio, que passou a ser o grande divulgador da música popular, ainda não divulgava essa espécie de música, e muito menos se fosse de morro.
Quando Roquette Pinto, em1923, fundou a primeira emissora (Rádio Sociedade do Rio de Janeiro) era "para a cultura dos que vivem em nossa Pátria, pelo progresso do Brasil". Assim, obviamente, música de gente do morro não era bem-vinda.

Em 1932, decreto do então Presidente "provisório" Getúlio Vargas (que ficou, "provisoriamente" 15 anos) permitiu que o rádio transmitisse propaganda.
A partir daí ele cresceu.
Mas Newton Bastos já havia falecido.
No final dos anos 20, Francisco Alves conheceu Ismael Silva, do Estácio e fez com ele um contrato estipulando que gravaria músicas de Ismael, se este lhe desse parceria.
Na época foi um bom negócio porque Chico Alves já era um nome famoso e suas gravações faziam sucesso.
Foi assim que NEWTON BASTOS e Ismael Silva compuseram o samba "Se Você Jurar", gravado por Mário Reis e Francisco Alves, constando do selo o nome de Chico também como compositor. Em seguida gravaram, no mesmo sistema, "O Que será de Mim", composição somente de NEWTON BASTOS, mas que consta o nome dos três . Na mesma época Mário Reis gravou "O Destino Deus é quem dá".

Interessante foi uma música, também citada como dos três, em que o final da segunda estrofe tinha um verso assim:
"se não eu acabo dando p'ra gritar na rua..
.Oh, eu quero uma mulher bem nua."
Chico apresentou esse samba na Rádio Sociedade e foi ouvido por Roquette`Pinto, que, por telefone, mandou que a emissora fosse retirada do ar e chamou Francisco Alves dizendo-lhe:
"Seu Chico, o senhor quer uma mulher nua, eu também quero, só que o rádio não é lugar para isso".
Mas a música foi gravada com esse final.

Era criança quando meu pai adquiriu esse disco e o colocava em nossa vitrola.
Eu achava tão esquisito ele dizer que queria uma mulher bem nua, naquela época em que tudo era tabu.
O mais intrigante é que anos depois, após o falecimento de Chico Alves (em 27 de setembro de 1952), Mário Reis regravou o samba com a seguinte modificação:
"se não eu acabo dando p'ra gritar na rua :
Oh,eu quero só ficar na sua".

Mais tarde ainda, parece que nos anos 70, o próprio Ismael regravou o samba, misturando as 2ª e 3ª estrofes e terminou assim
"por falares tanto, a polícia quer saber...
Oh, que eu dou meu dinheiro todo a você."

Versos finais da última estrofe
.
Que é gozado, é.

No final dos anos 20 era cantado com a "mulher nua"; nos anos 70, de mais liberdade, o próprio co-autor "enterrou" a mulher nua, misturando os finais de duas estrofes.
Será que Freud explica?

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