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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

TAMANCOS HOLANDESES - Por Edilma Rocha


Meninas reunidas em volta de brinquedos e bonecas viviam a fantasia da infância. Chegam uma a uma das casas da rua para a brincadeira, ali não importava a calsse social e sim o prazer e a felicidade da meninice. Haviam bonecas de pano, móveis de madeira artesanal, bonecas de louça e até as famosas mobilias em celiloide nas cadeiinhas imitando as palhinhas tão usadas nos móveis de nossas avós. As mais criativas corriam ao quintal em busca de gravetos para acender o fogo e transformar a brincadeira do dia no famoso guisado nas panelinhas de barro.
Para a surpresa de todas, certo dia chegou uma amiguinha com um lindo par de tamancos holandeses. Um sapatinho importado, de madeira levinha talhado à mão e comprado na distante capital da Holanda, Amisterdan. Era uma preciosidade! Branquinho com detalhes em vermelho e uma estampa colorida de um moinho de vento bem na ponta arrebitada.
_ Toc, toc, toc...
Desfilava se exibindo e torcendo o nariz com pose enquanto as outras meninas de olhos bem arregalados e bocas bem abertas admiravam aquele lindo par de tamancos holandeses.
_ Me empresta ... me empresta só um pouquinho !
Disse uma delas. Mas ali estava o problema o pé da exibida era menor do que o de todas elas e sapato d pau não cedia para calçar pezinhos grandes. E falou !
_ Este tamanco veio de muito longe e foi presente do meu tio rico que mora no Rio de Janeiro e foi comprado na Europa. Só poderão calçar um se comprarem na Holanda sob medida.
As meninas franziram a testa e fizeram beicinho de raiva ao ouvir aquelas palavras da metida e nogenta. Os cochichos foram pronunciados baixinho de ouvido a ouvido... Era uma besta metida! Mas uma das meninas disse bem alto e em bom tom:
_ Um dia serei rica e vou comprar um par de tamancos igualzinho a esse aí !
Todas cairam na risada. Uma fedelha magrela que não levava disafouro pra casa e só conhecia o Crato, nem sabia onde ficava a Holanda e falando em comprar um par de tamancos daqueles... Vejam só ! KKKKKK......KKKKK....
Muitos anos depois já casada e com maiores posses, menina magrela hoje uma linda mulher correu o mundo e chegou a Amisterdan. Comprou um pacote turístico e visitou tôdas as redondesas da Holanda, ora de trem, ora de barco. Desmbarcou numa aldeia de pescadores e se maravilhou com os moinhos de vento que faziam a draga das águas do solo enxarcado, por esta razão eram tão usados os tamancos de madeira. Giravam velozmente centenas deles fazendo um espetáculo de encher os olhos, nas planícieis a variedade das tulipas em diversas cores lhe prendia o olhar no horizonte, era um verdadeiro cartão postal. Finalmente chegou a uma fábrica de tamancos, viu passo a passo o processo de produção ao vivo. Seus olhos brilharam com os daquela criança ao ver na prateleira um par igualzinho aquele da fedelha da sua infância. Arranhando um inglês cearense pediu ao vendedor um par daqueles branco e vermelho número 36. Sentou num banquinho, retirou o par de botas lamacentas e com cuidado e enfiou delicadamente os tamancos nos pés. Deu alguns passos pela loja e sorriu como uma criança feliz. Retornou a rua da sua infância em pensamento e viu a expressão de admiração de cada rosto das seis meninas do passado e principalmente a da fedelha metida a besta.

2 comentários:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Edilma
Parabéns pelo texto. Gostei muito da história. Se eu fosse a menina que comprou um tamanco igualzinho ao da infância, na Holanda eu iria calçar e sair mostrando a uma por uma.

Edilma disse...

Carlos,

É muita gentileza da sua parte comentar o meu texto.
Não consegui fazer a correção e montagem antes da publicação. Uso um notebook com mouse digital e sem querer passei num ponto que se fez publicado.
Por isso desculpe os erros...
Em breve terei o prazer de encontra-lo junto a Magali.

Até lá !