
Irmão
Estrondeia livremente por onde passa.
Tivesse botas de sete léguas
Seria o jaburu planando sobre as águas.
Sabe a gabiroba no entardecer,
Sabe o beiço roxo da amora.
Tudo festagens da felicidade.
Quer rasgar todas as palavras,
Sabe o nome das coisas sem palavra no meio.
É um gigante que ninguém sabe,
Mato sabe e comunga.
Nasce um lago onde pisa
Com bagres e tizius floridos.
É criança e chora com todos os dentes
E ri com todos os olhos.
Tem doze olhos na ponta dos dedos,
Mais um para ver por dentro.
Irmã
Sentava no jardim.
Mastigava pétalas de rosa,
Comia bocados de terra,
Alguma raiz.
Quebrava caracol nos dentes,
Saboreava.
Estudava horas com o sapo
Meneios da língua,
Palavra em larva.
Atrás de casa desovava
Uma lagarta de fogo.
A pedra floresce do limo,
Do meu cuspe verde-negro.
Comia um carreiro de formigas.
Formiga na língua esperta a palavra,
Palavra com gosto de formiga inebria.
________
Estes poemas têm dez anos mais ou menos.
2 comentários:
Brandão, teus poemas são atemporais !
Belos demais !
Amei!
E nem sei mais o que dizer...
ai, que bom que existem poetas nesse mundo, meu Deus.
Postar um comentário