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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por Norma Hauer

ANTONIO ALMEIDA E ALBERTO RIBEIRO
Em 26 de agosto de 1911, nasceu, aqui em Vila Isabel, o compositor ANTONIO ALMEIDA e no dia 27 de agosto de 1902, no bairro Cidade Nova (perto do Estácio) o compositor ALBERTO RIBEIRO.

ANTÔNIO ALMEIDA antes de se dedicar às composições, tentou a vida como cantor, apresentando-se no programa "Horas do Outro Mundo", que Renato Murce conduzia na Rádio Philips.
Na mesma época passou a freqüentar a boite "Kananga do Japão", que funcionava na Praça Onze, onde eram freqüentes as presenças dos compositores ligados à Tia Ciata, como Sinhô, João da Baiana, Pixinguinha...
Ali ele começou a compor e logo fez dupla com ALBERTO RIBEIRO.

De ambos podemos citar a bonita canção "Conversando com a Saudade", gravada em 1940 por Carlos Galhardo.

"Saudade é no teu seio que eu me abrigo,
Buscando a minha mágoa amenizar.
Saudade, tu dia e noite estás comigo,
Pois vivo, constantemente e recordar
minha amada..."

Ainda da dupla, tivemos "Tin do lê,lê", gravação dos "Anjos do Inferno", "Acabou-se o que era Doce"; uma letra para uma das Polonaises de Chopin; Boca Negra, gravada por Emilinha Borba"; "O Circo Chegou", gravação de Sílvio Caldas...

ANTÔNIO ALMEIDA lutou muito pelos "direitos autorais" e vivia preocupado com a falta de honestidade quando se tratava desse assunto.

Um dia (10 de dezembro de 1985) , desgostoso, foi mais um artista da fase de ouro de nosso rádio, que resolveu dar fim à vida, seguindo a trilha de Ernesto Nazareth, Assis Valente, João Petra de Barros, Evaldo Rui e Humberto Porto

ALBERTO RIBEIRO, foi par, quase constante, de João de Barro (o Braguinha) nas mais famosas das composições que Braguinha assinou. Entretanto, tal como Alcides Gonçalves(em relação a Lupicínio) e Vadico, ( em relação a algumas famosas composições de Noel) era o grande esquecido.

Braguinha estava sempre presente quando suas músicas eram executadas , mas ALBERTO RIBEIRO, tendo outras ocupações (era médico homeopata) raramente aparecia e o resultado era seu nome não ser citado. Assim, veremos adiante, na continuação

Eis uma composição da dupla João de Barro (Braguinha) e ALBERTO RIBEIRO, falando nos
MARES DA CHINA

Nos mares da China, um dia a encontrei,
Num junco que vinha, talvez, de Shangai.
P'ra onde ela iria, confesso, não sei,
Talvez fosse filha de algum samurai.

E dizem que contam, histórias sombrias.
Seus olhos parados, seus lábios fatais...
Histórias que falam de pérolas frias,
Histórias que falam de frios punhais.

E passam-se os dias, e passam-se os meses
E aquela mulher dos meus olhos não sai.
E eu vivo buscando nos mares chineses,
Um junco que vinha, talvez, de Shangai."

Quando se fala em Braguinha, só são lembrados seus sucessos carnavalescos, como "Yes, Nós Temos Banana"; "Deixa a Lua Sossegada";"Touradas em Madri"; "Sonho de Papel";."Adolfito Mata Moros"(uma zombaria, no tempo da 2ª Guerra, a Hitler) ;"Cachorro Vira-Lata";"Chiquita Bacana"; "Balancê";"Tem Gato na Tuba";"O Circo Chegou" (aqui também entra ANTÕNIO ALMEIDA); "Falua"...e para as festas de São João, "Capelinha de Melão", mas elas tem a participação de ALBERTO RIBEIRO.

Gostaria de destacar a marchinha "Cadê Mimi", gravada por Mário Reis e que, como em outras músicas, os compositores confundiam China com Japão. Aqui, falam em Shangai e "bibelô japonês".

Em todas essas composições, o nome de Braguinha é lembrado e o de ALBERTO RIBEIRO esquecido.

A dupla também compôs lindas canções românticas, como "Amar Até Morrer"; "Eu Sei de Alguém"; "Sonhos Azuis", gravadas por Carlos Galhardo;Fim de Semana em Paquetá", gravação de Jorge Goulart; "Copacabana" ( o primero sucesso de Dick Farney);"Onde o Céu Azul é mais Azul", gravação de Francisco Alves...

ALBERTO RIBEIRO e Braguinha fizeram a trilha sonora dos filmes "Alô Brasil";"Alô, Alô Carnaval" e "Estudantes".

Em "Alô-Alô Carnaval" aparece o único registro de Luiz Barbosa interpretando "Seu Libório", uma das primeiras composições da dupla e que Luiz cantava sempre na Mayrink Veiga, onde chegou a ficar conhecido como "Seu Libório". Mas não gravou essa composição.

Em 1967, ALBERTO RIBEIRO prestou depoimento no Museu da Imagem e do Som narrando sua vida artística.

No mesmo local, as "Cantoras do Rádio" (Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima fizeram uma homenagem ao Centenário de ALBERTO RIBEIRO.

ALBERTO RIBEIRO faleceu em 10 de novembro de 1971, aqui no Rio de Janeiro, aos 69 anos.

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