Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 18 de dezembro de 2010

O Fado - José do Vale Pinheiro Feitosa

As línguas modernas, especialmente as ocidentais, são filhas da modernidade e da era pós-medieval. Um condão as liga de algum modo por que a ciência e a filosofia, além do cristianismo, adotaram o latim e o grego como guia para juntar os tempos. Por isso o Inglês não se compreende sem os EUA, o Castelhano sem a América Latina e o Português sem Angola, Moçambique e Brasil.

Por isso é que o Brasil por sua natureza confluente dos povos de quase todos os continentes representa algo diferente. Algo sincrético, não apenas os guetos étnico de países por aí. Aqui as coisas se misturaram. Estamos na origem de muito mais coisas que nós mesmos nem sabemos.

O Fado tem muito da modinha e do Lundu, que fez Tinhorão abrir uma bela polêmica com intelectuais portugueses. É claro que o corpo do Fado é Português, mas não deixa de ser brasileira a sua alma. O mesmo se diz de outro grande tema, esse mais internacional e com mais forte impressão sobre a cultura do século XIX e XX, que é o tango Argentino. Os brasileiros têm muito com o tango.

Mas o Fado vai além da frase terminal: este canto langoroso com que certo modismo gosta de passar a régua. O Fado sempre esteve muito presente nos momentos de lazer musical. Nos anos 60, Francisco José, se tornou quase que um cantor de sucesso brasileiro. Mas o fado é belo demais. Tem muito daquela nesguinha de terra pendurada nas bordas da Europa e que viu tantas almas sumirem nos mares. Tantos navegares de separação, de adeus e do final em vida do amor e da amizade.

O fado é a canção de um povo fértil cujas crias, como os italianos, não couberam no seu chão. E quantos pais e avós nunca souberam o destino de seus rebentos a cruzar os mares para fazer histórias jamais contadas na origem. Histórias que se tornaram verdade de outro lugar, em outros povos.

Fiquem com os fados. Apresento quatro significativos e que reproduzem as coisas que falei. Prestem atenção no Carlos Ramos e na letra deste triângulo amoroso. Ouçam Amália Rodrigues a dizer o que é o Fado, Tristão da Silva a olhar os barcos do seu naufragar e finalmente Chico José com seu conhecido Olhos Castanhos.




Caros Ramos: Não Venhas Tarde




Amália Rodrigues: Tudo isso é fado




Tristão - Aquela Janela Virada P´ro Mar




Francisco José: Teus Olhos Castanhos

Um comentário:

socorro moreira disse...

Perfeito!
Na languidez do fado já adormecemos muitas vezes.
Nossa geração sabia de cor e salteado todos aqueles cantados por Fco José.
Cantávamos com tanto sentimento, que nos sentíamos protugueses.
Gostei por dmais da matéria.

Música é sempre do nosso inteiro agrado.