Chagas postou um poema de Octávio Paz e cometi a ousadia de exercitar a intertextualidade (conversa entre textos) procurando não sair do ritmo nem do tom, mas enxugando a amargura expressa pelo autor.
Vejamos:
*Octávio Paz
*Claude Bloc
Dá-me, chama invisível, espada fria,
tua persistente cólera
para acabar com tudo,
tua persistente cólera
para acabar com tudo,
ó mundo árido,
ó mundo exausto,
para acabar com tudo.
ó mundo exausto,
para acabar com tudo.
Dá-me a tua calma, tua palma
tua aparente agonia
para aliviar tua aflição
ó mundo ávido
ó mundo ávido
ó mundo atávico
para aliviar tua aflição.
Arde sombrio, arde sem chamas,
apagado e ardente,
cinza e pedra viva,
deserto sem beira.
para aliviar tua aflição.
Arde sombrio, arde sem chamas,
apagado e ardente,
cinza e pedra viva,
deserto sem beira.
Arde a alegria, arde em chamas
Acesa e ardente
Alegria em terra viva
Aberta, sem parelhas
Arde no vasto céu, laje e nuven,
sob a cega luz que desaba
entre estéreis rochas
Arde no vasto céu, laje e nuven,
sob a cega luz que desaba
entre estéreis rochas
Ardem os sorrisos, ternos, fagueiros
Sob os sonhos que despertam
Entre as férteis cercanias.
Arde na solidão que nos desfaz,
terra de pedra ardente,
de raízes congeladas e sedentasArde a saudade que se desfaz
Arde na solidão que nos desfaz,
terra de pedra ardente,
de raízes congeladas e sedentasArde a saudade que se desfaz
Nos rios e nas suas nascentes
Nos sentimentos sensatos, iminentes
Arde, furor oculto,
cinza que enlouquece,
arde invisível, arde
Arde o amor oculto
Amor que enlouquece
Arde invisível, arde
como o mar impotente parindo nuvens,
onda como o rancor e espumas pétreas.
Entre meus ossos delirantes, arde;
como o mar impotente parindo nuvens,
onda como o rancor e espumas pétreas.
Entre meus ossos delirantes, arde;
arde na oquidão do ar,
forno invisível e puro;
forno invisível e puro;
arde como arde o tempo,
arde como arde a vida
como caminha o tempo entre a morte,
com seus mesmos passos e alento,
arde como a solidão que te devora,
arde em ti mesmo, ardor sem chama
como caminha o tempo entre a morte,
com seus mesmos passos e alento,
arde como a solidão que te devora,
arde em ti mesmo, ardor sem chama
arde a ansiedade e o silêncio
arde a alegria e o lamento
solidão sem imagem, sede sem lábios.
Para acabar com tudo,
ó mundo árido,
para acabar com tudo.
Para acabar com tudo,
ó mundo árido,
para acabar com tudo.
Mas eis que os ventos mudam de repente
E nada mais será como era antes...
Volta o sorriso complacente
Arde a alegria nesse instante
E novamente brota a semente
E a felicidade tão somente.
4 comentários:
Claude,
Espetacular a mudança de polaridade do texto feita por você.
Parabéns!!!
Abraços
Aloísio
Obrigada, Aloísio,
Adoro este jogo de palavras... É um exercício prazeroso.
Abraço,
Claude
Claude,
Neste assunto não tem pra ninguem,
o espaço é só seu.
Reverencias.......
Até !
Fantástico, Claude, fantástico!
Parabéns.
Abraço.
Chagas.
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