Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Blindados - E morreram como ratos ...- Por Joaquim Pinheiro

Muitos textos falando em corrupção sugerem que tudo começa com os mandatários ou partido no poder no momento. Foi assim, no regime militar, no governo Sarney, Collor, FHC e agora com Lula. Os novos escândalos se sobressaem sobre os de ontem e estes terminam esquecidos. Quase ninguém é punido, menos ainda perdem os bens adquiridos ou devolvem os recursos desviados do povo. Em Pernambuco houve um caso emblemático, resultou em 17 mortes, não se apurou nada, ninguém foi sequer indiciado.

Em 1928, o Governo de Pernambuco adquiriu dois carros blindados dos Estados Unidos. Os veículos deveriam ser iguais aos que a Polícia de Chicago utilizava para enfrentar o crime organizado. Custaram uma fortuna. Um dos argumentos para a aquisição era enfrentar os cangaceiros que imperavam no interior do Estado, principalmente Lampião, no auge da sua atuação. De saída, descobriu-se que os tais artefatos não teriam utilidade, já que os cangaceiros andavam nos matos, longe das estradas. Assim, sem ter como empregá-los, foram recolhidos e escondidos no pátio do Palácio do Governo e lá ficaram por dois anos.

Quando tropas do Exército, junto com estudantes e populares se rebelam contra a república velha e ao lado do movimento encabeçado por Getúlio Vargas, o então Governador de Pernambuco, Estácio Coimbra lembrou-se dos dois blindados e ordenou que fossem postos em ação contra os revoltosos. Assim, dois tenentes, dois sargentos e sete soldados da polícia militar embarcaram em cada uma das viaturas e se dirigiram ao quartel amotinado. Foram trucidados, não chegaram a disparar nem um tiro, sequer. Não deu nem tempo de acionar as metralhadoras que empunhavam. Morreram como ratos, sem chance ao menos de morrer com dignidade, oferecendo resistência, por mínima que fosse.

Descobriu-se depois que em vez de couraça, a proteção dos carros era de flande ou, como se disse na época, era “lata de goiabada”. O governador fugiu para o exílio, entrou novo governo, abriu-se inquérito mas não se chegou aos culpados nem denunciaram os responsáveis pela importação fraudulenta.

Arrisco-me a dizer que os “vivaldinos” de então, como acontece sempre, aderiram ao novo sistema, tornaram-se amigos das novas autoridades e a apuração não foi em frente.


Joaquim Pinheiro