Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A MORTE EM VIDA


Paro na banca de jornal focalizo uma página entre tantos jornais

As vezes vejo a televisão

Muitas vezes escuto no rádio as opiniões das guerras sociais

E todos os dias atravesso a esquina na minha visão

E o que vejo?

A violência estampada, refletida, noticiada e captada pela minha confusão

"Alí" um homem, uma mulher ou uma criança caída, estendida no chão

A foto, a imagem, o som, a bomba, a arma e a minha dor num único ato de percepção

Sinto cheiro de sangue derramado de cor vermelha símbolo da brutalidade da cega visão

É uma dor do mundo humano sendo espalhada em noticiários mil

"FOI ASSASSINADO POR UM (DES)CONHECIDO CIDADÃO VARONIL
AQUI MESMO NO BRASIL".

Os dias se passam e essas cenas se tornam comuns no dia-a-dia da população

Que acabou se acostumando em perceber a violência no outro cidadão-irmão.

Atônitos nos perguntamos: por que o homem age como se fosse um animal raivoso semelhante a um CÃO?

Será que vivemos um mundo de ilusão!

Perplexos perguntamos: aonde está o paraíso de Eva e Adão?

Escuta minha verdade, meu caro irmão!

"Eu sei" o que "eu" preciso fazer, mas não basta apenas aprender para informar. É preciso viajar no espaço infinito da consciência. Mas, "viajar" significa abandonar o nosso lugar ou espaço de convivência de coisas e visões. Pois, "viajar" significa "transcender a vida humana" para conhecer o novo, o inédito e o deslumbrante. E também significa estender a mão e abrir o coração correndo um risco certo de nascer ("viajar") novamente. Para nascer precisamos morrer. Uma morte imprevisível. Essa morte aparece quando menos a gente espera. Ela não tem caixa postal. Não tem rosto definido. Não tem número de identidade. Não mora no palácio do governo. Não entende de economia. Ela está onde está a vida. Somente a vida entende o que é a morte. Se a gente não sabe onde está a vida. Não sabemos também onde aprender sobre a morte. Eu já fui apresentado a minha morte em vida. Conheci de perto ao lado da vida. Ela tentou me abraçar, me acariciar e eu no início chorei, mas depois deixei e gostei. Preferi essa morte que acompanha a vida. Hoje, sei onde ela pulsa em mim mesmo.

A vida e a morte não estão fora da gente. A gente é que coloca a vida e a morte fora da gente. Por isso, queremos construir um mundo social sem a morte em vida. Esse ato inconsciente nos conduz a ignorância das leis sagradas de Deus. E aí quando menos esperamos, a morte conhecida impecavelmente nos abraça sem vida na calada da noite ou numa luz fulminante de calor medonho do dia. Ela é imprevisível. E certa. Não adianta fugir prescrevendo uma vida futura. Temos que ficar e aprender a viver a vida presente numa morte (transmutação) constante da consciência fora do tempo.

Esse é o mistério que precisa ser desvelado por todos os indivíduos que carregam o mistério da vida e da morte dentro de si mesmos: "decifra-me ou te devoro".

Ou também "conhece-te a ti mesmo" - Sócrates.

Ou melhor ainda: "Da vida se tira vários livros, mas dos livros se tira pouco bem pouco a vida" - Kafka.

A morte é a vírgula na frase da vida. Sem a vírgula a frase fica sem sentido. Mas, também com muitas vírgulas a frase fica cortada perdendo o sentido tanto quanto antes. A vida é o texto bem escrito que nós preparamos conscientemente numa bela história onde somos o personagem principal que no final sai do texto para se fundir com o próprio escritor da morte em vida: Deus.

O que é viver senão aprender a morrer em si mesmo! Não dá para fugir da morte. A única coisa que podemos fazer é transcendê-la aprendendo o que ela é e o que significa realmente. Se não aprendemos o que é a morte não sabemos para quem vamos servir na vida. Essa sabedoria milenar nos faz compreender o sentido de tudo. E nesse aprendizado a morte violenta se dilui e perde força no interior do furacão da vida.

Viver é preciso. E morrer em vida é uma contingência da sabedoria. Ser sábio a respeito da morte é tornar-se místico ou santo. É vislumbrar o caminho do Santo-Deus. E nesse caminho a morte fica para trás. Tornando-se apenas uma estação, uma parada necessária em nosso caminhar. Um caminhar para encontrar - encontrar a si mesmo para renascer iluminado!

Um comentário:

socorro moreira disse...

Que texto sábio, meu amigo !
Ler, reler, pensar, internalizar , e morrer !