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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Ilíada de Homero - minha submissão , e confissão !- Por Socorro Moreira


"A Ilíada (do grego Iλιάς, Ilias) é um poema épico grego e narra uma série de acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da Guerra de Tróia. O título da obra deriva do nome grego de Tróia, Ílion.

A Ilíada e a Odisséia são comumente atribuídas a Homero, que acredita-se ter vivido por volta do século VIII a.C. na Jônia ( lugar que hoje é uma região da Turquia), e tratam-se dos mais antigos documentos literários gregos a sobreviverem aos nossos dias. Porém, até hoje se debate a existência desse poeta e se os dois poemas foram compostos pela mesma pessoa.

A Ilíada é composta de 15.693 versos em hexâmetro dactílico, que é o formato tradicional da épica grega. Hexâmero é um verso composto de seis sílabas poéticas e dactílico faz alusão ao ritmo do poema, composto de uma sílaba longa e duas breves, já que o grego (e o Latim) não possuem sílabas tônicas, e sim breves e longas.

Resumo dos Cantos
Canto I: É o décimo ano da guerra de Tróia. Aquiles e Agamémnom se desentendem devido a disputa sobre uma jovem cativa
Canto II: Odisseu impede uma revolta e os gregos se preparam para um ataque a Tróia.
Canto III: Páris desafia Menelau para um duelo, propondo decidir o destino da guerra. Menelau vence, mas Páris sobrevive, salvo por Afrodite.
Canto IV: O pacto é quebrado pelos troianos e a guerra recomeça.
Canto V: Diomedes realiza grandes prodígios, ferindo Afrodite e Ares.
Canto VI: Heitor retorna à Tróia para pedir que se tente apaziguar Afrodite. Encontra-se com esposa e filho e retorna à batalha junto de seu irmão Páris.
Canto VII: Heitor duela com Ajax. A luta empata, interrompida pela noite.
Canto VIII: Os deuses se retiram da batalha.
Canto IX: Agamémnom tenta se reconciliar com Aquiles, mas este recusa.
Canto X: Diomedes e Odisseu saem em missão de espionagem e atacam o acampamento troiano.
Canto XI: Páris fere Diomedes, e Pátroclo fica sabendo da desastrosa situação grega.
Canto XII: Retirada grega até as naus.
Canto XIII: Poséidon se apieda dos gregos e os motiva.
Canto XIV: Hera adormece a Zeus, permitindo a reação grega.
Canto XV: Zeus acorda e impede que Poséidon continue interferindo. Os troianos retomam a vantagem no combate.
Canto XVI: Pátroclo pede a armadura a Aquiles e permissão para entrar na luta. Aquiles concede, porém Pátroclo é morto por Heitor.
Canto XVII: Há uma disputa pelo corpo e armadura de Pátroclo. Heitor fica com a armadura e Ajax com o corpo.
Canto XVIII: Aquiles fica sabendo da morte de Pátroclo, e sua mãe lhe providencia uma nova armadura.
Canto XIX: Aquiles, de armadura nova e reconciliado com Agamémnom, se junta à guerra.
Canto XX: Batalha furiosa, da qual participam livremente os deuses.
Canto XXI: Aquiles chega aos portões de Tróia
Canto XXII: Aquiles duela com Heitor e o mata. A seguir, desonra seu cadáver, arrastando-o ao acampamento grego.
Canto XXIII: Pátroclo é velado adequadamente
Canto XXIV: Príamo pede o cadáver do filho e Aquiles, comovido, cede. Heitor é devidamente velado em Tróia.

Temas na Ilíada
Corpo de Heitor sendo levado de volta à Tróia – Alto relevo romano em mármore, detalhe de um sarcófago Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Tróia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isto fica claro logo na primeira linha do poema. A palavra grega mēnin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é “Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos“. Em português seria “Ira canta, Deusa, Peléio Aquiles” ou, adaptando, “Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles”. Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza, filho de deusa e homem, portanto mortal.

A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança e a vida longa e valores morais, mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar e morrer jovem, e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido.

A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família e de sua cidade, e a preservação de suas raízes troianas.

A guerra e suas conseqüências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente retratada.

A condição humana é magistralmente trabalhada por Homero, mostrando os dilemas mortais, as interferências de instâncias superiores e suas conseqüências, personificadas nos deuses que tomam partido.

Amizade, honra e muitos outros temas abstratos também fazem parte da obra, compondo um belo painel da alma humana o que é, sem dúvida, uma das qualidades que tem determinado a longieviedade da narrativa homérica na cultura universal. "



* Fonte : trecho de uma matéria do Prof. Daniel Duclós.

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- A primeira vez que ouvi falar sobre a Ilíada de Homero foi numa aula de Dr. Zé Newton. Acho que cursávamos a primeira série ginasial. Achei o assunto fascinante , contado por ele, mas quando fui fazer pesquisa na biblioteca da então faculdade de Filosofia, desisti ! Era densa demais para a minha pouca idade, e pareceu-me insuportavelmente cansativa. Ah, como me arrependo de não ter insistido, naquela leitura ventilada pelo mestre !
Dias depois , ele lia nossas redações, sem identificar os nomes ( acho tão ético! rs), e comentava os erros gerais. Os meus foram ditos... E ele fez uma observação que nunca esqueci : " essa aluna tem lido muitos livros antigos ! " Naquele tempo, e até hoje, trocávamos a literatura universal por sub-literatura, condensada nos romances de amor , que nem sempre eram de Machado de Assis.
Quando Zé do Vale escreveu Cratíadas , achei o máximo, e pensei : esse cara teve a coragem de ler A Ilíada, na sua íntegra. Não foi aluno do Dr. Zé Newton , mas era filho do Prof. José do Vale. Quando lhe pedi que postasse no Cariricaturas aquele texto, ele até estranhou , mas atendeu ao nosso pedido. Eu te parabenizo , Zé do Vale ! Cratíadas é o teu certificado de todas as horas dedicadas ao estudo e às grandes leituras.
Mas, e agora, papagaio velho aprende a falar ? Quero ler todos os cantos, ainda ... como se fossem contos da nossa Bisaflor. Será se consigo ?
Ilíada é o meu desafio. O meu abecedário faltante.
Quando quero escrever, falta-me tantos subsídios , e eu só me conformo porque dessa falta não morro de solidão.
A maioria das pessoas sentem mais do que conseguem dizer..

Socorro Moreira


*Acho que Carlos Esmeraldo, Emerson, Claude, Zé Flávio, Corujinha , Melgaço ,Armando , Everado, Assis, Ana Cecília, Zé Nilton, Roberto, João Marni, Stela,etc ...Também leram Ilíada !

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