Olha só que alegria, ver a minha amiga Ângela Moraes por aqui. Sempre bonita, radiante, poeta e mulher de mil prendas. Tenho que o seu melhor e mais belo ofício é a arte de retratar as naturezas. Ela faz do que você pensa não ser nada, um buquê de zis interpretações. Tece as coisas do mundo e te mostra um novo mundo de coisas plenas de cores, vida e esperança. Ela faz dum mangará de bananeira, duma quenga de coco, duma capemba de macaúba, dum cacho de catolé, duma asa de borboleta o que a natureza não lhes afeiçoou para encher nossos olhos como obras de arte. É como se ela ajudasse ao Criador a manter a sua gloriosa estética nas partes descartáveis de sua criação.
Conheci-a no meio dos anos 70, quando eu coordenava um complexo escolar, situado entre o Arpoador e o Posto Seis, no Rio de Janeiro. Ao chegar, como professora de educação artística, logo ela empolgou um projeto de escola que tinha na arte seu principal núcleo orientador do ensino/aprendizagem. De imediato, tentou fazer uma articulação da arte nordestina com a arte cosmopolita do Rio, em seus trabalhos com adolescentes da classe média alta, que freqüentavam a Sociedade Isa de Matos Prates e o Colégio Pernalonga, escolas modelo da zona sul do Rio de Janeiro.
Por esta época, isto era feito no plano musical através do grande Belchior, do Fagner, do Quinteto Violado, de Alceu Valença e da recém chegada Elba Ramalho, entre outros. Mas, seu entusiasmo não teve a devida aceitação.
A nordestina Ângela Moraes, graduada numa das melhores escolas de formação em arte-educação do Rio, o Instituto Bennett, não logrou êxito em sua iniciativa de levar para dentre daquela escola, dirigida por três desconfiados mineiros, o que já se assimilava no plano musical, ou seja, alguns elementos embutidos nos traços, nos complexos e nos padrões culturais do outro, do diferente, que circulavam abertamente na boca e nos ouvidos dos cariocas, trazidos pelos sucessos musicais do pessoal do Nordeste.
Numa das feiras de ciências, cultura e artes, o ponto alto do calendário da escola, nervosamente coordenada pela diretora pedagógica, uma das proprietárias do complexo escolar, as idéias da profa. juazeirense, filha da grande mestra Zuíla Moraes, consubstanciadas em trabalhos sob sua orientação de artista plástica e arte-educadora foram severamente criticadas por quem não alcançava seus tirocínios e morria de medo de sua possível ascensão no comando do estratégico núcleo de artes da escola.
Como assistente da diretoria, espécie de gerente geral sou instado a fazer aquilo que mais me doeu nos meus tempos de Rio de Janeiro, principalmente por ter a consciência dos interesses em jogo e do processo histórico daquele momento: demitir, sem justa causa a professora Ângela Moraes.
Sou por demais grato à sua compreensão quanto à minha função naquele estabelecimento. Nada mudou entre ela e eu. Continuamos a nos encontrar ao lado de muitos amigos comuns que freqüentavam seu apartamento, no 12º. andar, num edifício do outro lado do cine Veneza, de frente para a baia de Botafogo.
Quantas noites ali ficávamos, quedados ao janelão, a olhar o clarão do luar que descia do Cristo Redentor e prateava as águas calmosas da praia de Botafogo.
Grande amigo sou de Ângela. E é pela confiança de uma amizade terna e respeitosa que há entre a gente, que revelo ter feito uma música pra ela, a seu pedido.
Conheci-a no meio dos anos 70, quando eu coordenava um complexo escolar, situado entre o Arpoador e o Posto Seis, no Rio de Janeiro. Ao chegar, como professora de educação artística, logo ela empolgou um projeto de escola que tinha na arte seu principal núcleo orientador do ensino/aprendizagem. De imediato, tentou fazer uma articulação da arte nordestina com a arte cosmopolita do Rio, em seus trabalhos com adolescentes da classe média alta, que freqüentavam a Sociedade Isa de Matos Prates e o Colégio Pernalonga, escolas modelo da zona sul do Rio de Janeiro.
Por esta época, isto era feito no plano musical através do grande Belchior, do Fagner, do Quinteto Violado, de Alceu Valença e da recém chegada Elba Ramalho, entre outros. Mas, seu entusiasmo não teve a devida aceitação.
A nordestina Ângela Moraes, graduada numa das melhores escolas de formação em arte-educação do Rio, o Instituto Bennett, não logrou êxito em sua iniciativa de levar para dentre daquela escola, dirigida por três desconfiados mineiros, o que já se assimilava no plano musical, ou seja, alguns elementos embutidos nos traços, nos complexos e nos padrões culturais do outro, do diferente, que circulavam abertamente na boca e nos ouvidos dos cariocas, trazidos pelos sucessos musicais do pessoal do Nordeste.
Numa das feiras de ciências, cultura e artes, o ponto alto do calendário da escola, nervosamente coordenada pela diretora pedagógica, uma das proprietárias do complexo escolar, as idéias da profa. juazeirense, filha da grande mestra Zuíla Moraes, consubstanciadas em trabalhos sob sua orientação de artista plástica e arte-educadora foram severamente criticadas por quem não alcançava seus tirocínios e morria de medo de sua possível ascensão no comando do estratégico núcleo de artes da escola.
Como assistente da diretoria, espécie de gerente geral sou instado a fazer aquilo que mais me doeu nos meus tempos de Rio de Janeiro, principalmente por ter a consciência dos interesses em jogo e do processo histórico daquele momento: demitir, sem justa causa a professora Ângela Moraes.
Sou por demais grato à sua compreensão quanto à minha função naquele estabelecimento. Nada mudou entre ela e eu. Continuamos a nos encontrar ao lado de muitos amigos comuns que freqüentavam seu apartamento, no 12º. andar, num edifício do outro lado do cine Veneza, de frente para a baia de Botafogo.
Quantas noites ali ficávamos, quedados ao janelão, a olhar o clarão do luar que descia do Cristo Redentor e prateava as águas calmosas da praia de Botafogo.
Grande amigo sou de Ângela. E é pela confiança de uma amizade terna e respeitosa que há entre a gente, que revelo ter feito uma música pra ela, a seu pedido.
Gravei no meu primeiro CD
– De onde olho:
.
Taí o samba que fiz pra você
Taí você pediu e eu lhe dou
E tudo que existe em mim de grave e carinhoso
Está nas notas deste samba novo...
Acho que esta é a melhor parte que você guarda de mim.
Taí o samba que fiz pra você
Taí você pediu e eu lhe dou
E tudo que existe em mim de grave e carinhoso
Está nas notas deste samba novo...
Acho que esta é a melhor parte que você guarda de mim.
Outro dia Cristina lhe encontrou e me falou de você. Ela sabe de tudo “do que houve entre nós dois”, com diria Herivelto Martins.
Zé Nilton
(Um depoimento tão lindo não poderia ficar como comentário, mas ilustrando outros ensaios fotográficos da Angela)
Socorro Moreira
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