Meu pai vive a me dar presentes.
Não faz nada na vida
senão me oferecer dádivas.
Meu pai me deu o mar.
Deu-me o céu.
O vento que traz o cisco.
Meu olho vermelho.
Meu olho ardendo.
Meu pai me deu a micose
em forma de braços
do rio Amazonas.
Já gastei um tubo de creme.
Só agora some a tatuagem
do meu tornozelo.
Meu pai é generoso.
Não tolera mendicância.
Sempre a me jogar na cara:
"eis a agulha e a linha
costura, pois, tuas meias..."
Assim (debaixo das suas asas)
prossigo.
Infinita envergadura.
Fogo.
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