Meus olhos repousaram numa saudade imensa sobre este canto da casa ao pôr do sol.
Mais um dia finda colorindo de vida a imagem linda retirada da lente da sua Sony com todo o verde da Serra e o azul do céu reflectido nas águas paradas do açude.
Bem ali naquele canto ficava o quarto dos seus pais Hubert e Janine. A janela fechada nos mostra a ausência deles e um passado guardado de historias vividas entre quatro paredes. Se fecho os olhos percorro em pensamentos aquele aposento único na casa grande ( França Livre ). Paredes claras, uma pequena cortina cobrindo os vidros da janela, cama enorme para os meus olhos de criança, sempre bem arrumada no conforto dos tavesseiros limpos e perfumados. Os meus pés entravavam descalços pisando o macio tapete que cobria todo o piso. Uma mesinha de cabeceira, um abajur, um cinzeiro, uma carteira de cigarros Gitane. Uma escrivaninha, livros e revistas em francês, retratos de familiares distantes e um jarro com flores colhidas do jardim. No armário os guardados do casal como, vestidos, calças, camisas, pijamas, chapéus e objectos pessoais. No alto os tesouros escondidos, a lata de biscoitos recheados e os chocolates que eu e Minou pegávamos com um sorriso maroto nos lábios. A porta a direita guardava o banho gostoso com chuveiro quente a gás butano, a cortina transparente com figuras coloridas separava a patreleira com sais, perfumes e fragancias vindas da França. Ficou o cheiro do perfume no ar do pensamento que a lembrança trouxe a tona novamente.
Esta imagem está tão bonita que até parece que o tempo não passou, congelou na lembrança da casa sempre cheia de amigos e crianças correndo pelo alpendre aos gritinhos e gargalhadas infantis. Se eu atravessasse a muretinha poderia novamente descer os batentes e cuidar da horta de Dona Janine arrancando as ervas daninhas e folhas secas deixando os pés de alface, tomate, repolho, rabanete, espinafre, cenoura, beterraba e pimentões para crescerem em liberdade até a próxima colheita. Ainda escuto nossos passos apressados pegando água no regador para refrescar os legumes e verduras, enquanto Ricardo procurava num cantinho as minhocas para isca na pescaria do açude.
Meu pensamento retorna um pouco e encontra a mesa do almoço das crianças, enorme e comprida, servindo a arroz branco e quentinho, a carne no molho escuro delicioso e a salada de repolho cortado fininho temperado com vinagre, sal, azeite e pimenta do reino, que eu adorava.
Não vejo as rachaduras nem o desleixo do tempo por meio aos meus pensamentos, ainda está tudo intacto. Apenas escuto do coração as recordações perfeitas da época de vida e alegria. As marcas deixadas pelos seus pais ainda continuam por lá em cada canto da casa e em nossos corações enquanto baterem compassadamente e adormecidas nas nossas lembranças.
Edilma Rocha
Mais um dia finda colorindo de vida a imagem linda retirada da lente da sua Sony com todo o verde da Serra e o azul do céu reflectido nas águas paradas do açude.
Bem ali naquele canto ficava o quarto dos seus pais Hubert e Janine. A janela fechada nos mostra a ausência deles e um passado guardado de historias vividas entre quatro paredes. Se fecho os olhos percorro em pensamentos aquele aposento único na casa grande ( França Livre ). Paredes claras, uma pequena cortina cobrindo os vidros da janela, cama enorme para os meus olhos de criança, sempre bem arrumada no conforto dos tavesseiros limpos e perfumados. Os meus pés entravavam descalços pisando o macio tapete que cobria todo o piso. Uma mesinha de cabeceira, um abajur, um cinzeiro, uma carteira de cigarros Gitane. Uma escrivaninha, livros e revistas em francês, retratos de familiares distantes e um jarro com flores colhidas do jardim. No armário os guardados do casal como, vestidos, calças, camisas, pijamas, chapéus e objectos pessoais. No alto os tesouros escondidos, a lata de biscoitos recheados e os chocolates que eu e Minou pegávamos com um sorriso maroto nos lábios. A porta a direita guardava o banho gostoso com chuveiro quente a gás butano, a cortina transparente com figuras coloridas separava a patreleira com sais, perfumes e fragancias vindas da França. Ficou o cheiro do perfume no ar do pensamento que a lembrança trouxe a tona novamente.
Esta imagem está tão bonita que até parece que o tempo não passou, congelou na lembrança da casa sempre cheia de amigos e crianças correndo pelo alpendre aos gritinhos e gargalhadas infantis. Se eu atravessasse a muretinha poderia novamente descer os batentes e cuidar da horta de Dona Janine arrancando as ervas daninhas e folhas secas deixando os pés de alface, tomate, repolho, rabanete, espinafre, cenoura, beterraba e pimentões para crescerem em liberdade até a próxima colheita. Ainda escuto nossos passos apressados pegando água no regador para refrescar os legumes e verduras, enquanto Ricardo procurava num cantinho as minhocas para isca na pescaria do açude.
Meu pensamento retorna um pouco e encontra a mesa do almoço das crianças, enorme e comprida, servindo a arroz branco e quentinho, a carne no molho escuro delicioso e a salada de repolho cortado fininho temperado com vinagre, sal, azeite e pimenta do reino, que eu adorava.
Não vejo as rachaduras nem o desleixo do tempo por meio aos meus pensamentos, ainda está tudo intacto. Apenas escuto do coração as recordações perfeitas da época de vida e alegria. As marcas deixadas pelos seus pais ainda continuam por lá em cada canto da casa e em nossos corações enquanto baterem compassadamente e adormecidas nas nossas lembranças.
Edilma Rocha
2 comentários:
Edilma,
Você tem uma excelente memória. Também frequentei a Serra Verde e tenho boas recordações da delicadeza com que dona Janine e seu Hubert nos tratavam.
Parabéns! Gostei muito da sua narrativa.
Um abraço
Magali
Magali,
A Serra Verde fez parte da minha vida na infância. O papai tinha gado por lá e íamos sempre nas férias. A convivência com Dominique, Claude e depois os meninos, Beertrand, Françoise, Jaques e Tony, foi muito frequente. Sr. Hubert e Dona Janine eram muito carinhosos comigo, guardo lindas lembranças...
Obrigada pela atenção.
Abraço !
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