Tu queres que eu volte
a levantar peso,
meu bem?
Que eu fique admirando
meu tórax definido
e os antebraços?
A poesia não percebe
a minha aparência física.
Desvendei esse enigma
quando escrevi versos sombrios
com as panturrilhas anestesiadas.
Apesar de sentir uma onda de bem estar
circulando por vasos, tendões, músculos
minha alma prosseguia desregrada
em exílio próprio.
Os versos não mudam de faces.
Estranho, não?
Queres que eu volte
a malhar o corpo,
querida?
A tatuagem faço no final do ano.
Nas minhas férias.
O único estorvo e neurose
é que não te conheço tanto.
Ou melhor, não te conheço mesmo.
Nunca te vi os cílios mais pretos.
A boca mais gordurosa.
O andado mais requebrante.
Por via das dúvidas,
creio que em agosto
volto a levantar peso
a malhar o corpo
a comer com os olhos
as ninfas da academia.
É o que me resta.
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