Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 9 de julho de 2010

A "saunazinha" da Expocrato - Por: José Nilton Mariano Saraiva

Independentemente de se ser “expert” no trato da questão ou mesmo de uma providencial visitazinha básica ao “google”, todos temos a obrigação de saber que “museus” são espaços direcionados e convenientemente apropriados para a guarda de obras de arte ou antiguidades que retratem o legado, a cultura, os costumes e toda a história de um povo ou de uma nação; além do que, funcionam como valiosíssimas e imprescindíveis instituições permanentes, sem fins lucrativos, abertas à visitação pública, porquanto a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. Normalmente, seu principal incentivador e mantenedor é o poder público, que trata de adquirir, preservar, exibir e conservar as evidências materiais dos povos e seu habitat natural, objetivando a apreciação, a pesquisa, o estudo, a educação.
Para tanto, no entanto (sem trocadilho), há que se oferecer e disponibilizar aos que os freqüentam, amplas condições de acesso, permanência e conforto internos, necessários e estimulantes ao embarque numa revigorante viagem no tempo; manuseando e estudando seu acervo num ambiente apropriado, habilitamo-nos à compreensão das nossas raízes, dos nossos ancestrais (quem já visitou o estupendo Museu do Louvre, em Paris, sabe bem do que estamos falando).
Trazendo aqui para nossa província, não há como não reconhecer das mais louváveis e meritórias a intenção da Prefeitura Municipal do Crato de, em mergulhando nas brumas do passado, buscar lá nos seus primórdios, nas suas lutas, nas suas origens, nas suas motivações e óbices, retratos emblemáticos do desenvolvimento da atual pujante “Expocrato”, através da criação e disponibilização do seu próprio "museu", a fim que, de forma pedagógica, aqueles que a freqüentam atualmente compreendam a dimensão da tenaz e hercúlea luta que foi construí-la, até se atingir a realidade momentânea.
Só que, talvez devido à pressa com que foi planejado, do pouco tempo disponibilizado em sua execução, da não localização em tempo hábil do seu rico e vasto acervo vídeo-áudio-fotográfico (certamente existente e dormindo em alguma gaveta de um burocrata qualquer) e, principalmente, devido à incompreensível ausência de um profissional “especialista” no mister (a fim de prestar a devida e competente orientação técnica de como deveria ser estruturado), o “Museu da Expocrato” acabou por transformar-se numa autentica decepção para aqueles que o adentraram.
Pra começo de conversa, é absolutamente injustificável que, com tanto espaço disponível no atual “parque de exposições” (cuja área construída e ocupada preenche apenas um terço da área total), o poder municipal tenha optado por abrigar tão importante instrumento público num único vão, uma espécie de “caixote” de tijolos, argamassa e cal, pessimamente localizado e de dimensão reduzidíssima; contando com apenas uma única abertura, que se presta para o acesso e saída dos visitantes, o item “segurança” fica seriamente comprometido, devido ao intenso fluxo de interessados em conhecê-lo, assim como na perspectiva de uma evacuação eventual; desprovido de janelas ou qualquer outra entrada de ar e sem contar com qualquer climatização artificial (ar condicionado ou simplórios ventiladores), a temperatura ambiente se situa nunca menos no patamar de 50 graus centígrados, tornando-o um ambiente sufocante, desconfortável, inadequado e desestimulante para qualquer tipo de atividade ou contemplação.
Com relação ao tímido, pobre e insuficiente acervo fotográfico disponibilizado, parece não ter havido - como seria recomendável - qualquer preocupação em catalogá-lo, organizá-lo e disponibilizá-lo, cronologicamente, de forma a que tivéssemos um encadeamento progressivo dos diversos eventos ao longo e através dos anos; além do que inexistem quaisquer legendas identificadoras das autoridades retratadas (somente os mais longevos tiveram condição de reconhecer um Wilson Gonçalves, Filemon Teles, Virgílio Távora, Dom Vicente, Alencar Araripe e outros).
Em resumo, o ambiente que inapropriadamente se resolveu cognominar de “Museu da Expocrato”, bem que teria uma definição muito mais apropriada e consentânea com a realidade se o houvéssemos batizado de “A Saunazinha da Expocrato”, propícia, aí sim, a desintoxicar e a curar a ressaca de qualquer um que exagere no exercício da atividade etílica, via levantamento de copo (algo recorrente em eventos da espécie).
No mais, a Prefeitura do Crato, à vista dos crassos erros protagonizados em 2009, bem que nesse 2010 poderia nos brindar com um autentico, respeitável e genuíno museu. Mas, um museu de verdade, digno da denominação e finalidade, e não um arremedo, não essa autentica "casa de horrores" que tivemos de inadvertidamente adentrar à busca de inolvidáveis recordações de um passado não tão distante.

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