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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 7 de agosto de 2010

José Telles - um poeta-médico


O dilema dos encontros

Um tempo
em síntese
encurta o meu silêncio
e adormece
as vivências que já tive

As horas
em desmaio
contraem os meus dias
querendo
ir embora a qualquer custo

Há uma
ventania do tempo
abraçando o meu silêncio
pelas costas
num espaço muito curto

Há um Eu
formatando cálculos
em círculos ou simulando
números em
minúsculas fórmulas de vida

Há um
começo e um fim
fundido em paralelas
na pressa dos meus
poemas ou no dilema dos encontros.

***

[...]Até pouco tempo, José Telles era conhecido apenas por poemas esparsos nos jornais e através das páginas da revista Literapia, que reúne intelectuais da Sobrames (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores), confraria literária a que pertence. A obra foi editada recentemente pelas Edições Sobrames, Fortaleza 2001.

O vigor de suas metáforas, por vezes audaciosas, oferecem ao leitor um mundo ainda virgem em sua visão premonitória.[...]

O sensualismo não está ausente da sua poesia - é integração e tema - vertente rica e constante que afasta dúvidas e lembranças da morte e se mistura ao misticismo: "Estes seios bastos / ora róseos, ora alabastos / esperam cautelosos,/ momentos suicidas". Ou ainda: "No teu corpo / sobrevôo entranhas / e crucifico nos teus braços / os meus pecados em cruz".

[...] Por vezes metafísico, entre objetos e lembranças, descreve a casa: "Na sala/ um relógio de algibeira/ esconde o tempo no bolso".

São muitos os arroubos líricos do poeta e suas confissões amorosas. José Telles nos oferece uma poesia de alto nível e traz uma carta de alforria no alforje que lhe assegura o êxito [...]

José Telles é uma revelação da poesia de nosso tempo. Antes de mais nada, seu compromisso é com o homem e seu destino. E aqui encontramos o poeta social, solidário na dor e no sofrimento humano.Poeta heróico, exaltado no idílio amoroso e em todos os segmentos da vida. A delicadeza de seu verso não consegue esconder a angústia existencial que o oprime. Na luz de seus poemas a beleza flore e aflora aos nossos sentimentos. É este um poeta acentuadamente cristão, isso se constata a começar pelo título da obra. A plasticidade de seu estro é um detalhe impressionante: som, luz, cor, harmonia e musicalidade parecem andar de mãos dadas.

Adaptação do texto de José Alcides Pinto

Ficcionista e crítico literário

http://www.revista.agulha.nom.br/jtelles.html#alcides

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