O adeus da ilusão
Saiba que já dobro a esquina.
A minha cartola de mágico
esquecida sobre sua cama:
nem olhe,
não tem importância.
Os contornos das abas
servem apenas
para que seus dedos sintam
a textura do desconhecido.
E não é lá essas coisas.
Saiba que já dobro a esquina
e o meu perfume ( mesmo que
eu não queira) ainda lhe
entrará pelas narinas
quando você estiver dormindo
ou sonhando de olhos abertos.
Quanto ao seu perfume
imaginei desesperadamente.
Terei de meditar setenta vezes sete dias.
Oxalá no final do ano escape
da minha camiseta branca.
A verdade é que affair entre
uma linda borboleta
e um louco vaga-lume
sempre será trágico
senão patético.
Saiba que já dobro a esquina
e a brisa assopra aos meus ouvidos
um assopro morno.
Um assopro morno,
desvalido,
irreal.
Até as folhas secas
têm mais vida.
por Domingos Barroso
2 comentários:
Quando dobrar a esquina,
olhe do lado esquerdo
e verá que estou junto.
Mas se não me encontrar,
olhe ao lado direito:
sempre fui distraído.
Distraído, de certo,
mas nunca esquecido
dos amigos do peito.
Não será uma esquina
que irá nos separar.
As brumas até podem
cercar as esquinas
as sombras da noite
amedrontá-las
mas, certamente,
das esquinas
apenas a verdade
do abraço do amigo
da amizade vivíssima
(e brilhante)
nos olhos da Poesia.
Forte abraço,
José Carlos Brandão
grande poeta
e meu amigo.
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