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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Rádio Nacional -Por Norma Hauer

RÁDIO NACIONAL - 74 ANOS
Era 12 de setembro, o ano era de 1936, quando uma canção já tradicional ecoou em nossos céus e uma voz firme abriu uma nova emissora dizendo: “está entrando no ar, neste momento, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro”.
A canção era “Luar do Sertão” e a voz era de Celso Guimarães.

O que seria o rádio antes? Quantas emissoras, pioneiras, abriram espaço para que mais uma surgisse? O espaço foi a visão de futuro de Roquette Pinto, que, nos idos de 1923, inaugurou a primeira emissora de rádio no Brasil: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Roquette, como Professor, percebeu a facilidade da educação através de um elemento novo e desconhecido: o rádio. Daí seu lema ”pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil.”
Seu objetivo foi tomando vulto, vieram outras emissoras oriundas de pequenos núcleos familiares e clubes ou sociedades, sem muito prestígio. Além disso, os aparelhos receptores que alguns privilegiados possuíam, eram feitos de cristais de galena, um derivado de chumbo, que tinha capacidade receptiva e conseguia captar os sons emitidos pelas ainda pouco conhecidas ondas hertezianas.

No final dos anos 20, aqui no Rio, já funcionavam, além da Rádio Sociedade, as Rádios Clube e Educadora do Brasil e Mayrink Veiga. Todas seguindo o lema de Roquette, uma vez que só com o fim educativo tinham permissão de funcionar.
Não era admitida propaganda comercial nas emissoras, o que dificultava sua manutenção, por falta de capital.
Foi no início dos 30 que a empresa holandesa “Philips”, que já
investia em aparelhos receptores de rádio, resolveu instalar-se aqui, importar esses aparelhos, ao mesmo tempo em que teve permissão de criar uma nova estação radiofônica : a Rádio Philips.
Com esse investimento e com a permissão, a partir de 1932, da transmissão de anúncios comerciais, as emissoras tomaram impulso e a Rádio Philips investiu firme em um programa de outro pioneiro: Adhemar Casé.
Pois foi exatamente a Rádio Philips, que deu origem à Rádio Nacional. Embora o prefixo da Philips fosse PRC-6, a Nacional nasceu como PRE-8.
Um ano antes da Nacional foi inaugurada a Rádio Tupi , em um galpão em Santo Cristo.
Até o início dos anos 40, a Nacional se manteve no mesmo nível das outras emissoras, sendo que, na época, a de maior prestígio era a Mayrink Veiga,

Principalmente a partir de 1933, com o ingresso ali de César Ladeira –outro pioneiro.
A Nacional, que passou a funcionar no edifício do jornal “A Noite”, foi anexada às Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional e, com o apoio do então Presidente Vargas, deu um salto, transformando-se na maior emissora da América Latina.

Ao mesmo tempo, outras importadoras entraram na disputa pelo comércio de aparelhos de rádio, atingindo quase todas as classes sociais.
Enquanto isso, a Nacional foi lançando programas que alcançavam o grande público, já então fanático pelo rádio.

Eram cantores, rádio-atores, instrumentistas, programadores, animadores de auditório, maestros, locutores ...
Francisco Alves, liderava os cantores; Celso Guimarães e Ismênia dos Santos, os radio-atores; Jacó do Bandolim, os instrumentistas; Paulo Roberto os programadores; César de Alencar, os animadores de auditório; Radamés Gnatalli , os maestros impulsionando a grande orquestra da Nacional; Saint-Clair Lopes, os locutores...

Pela Rádio Nacional passaram os maiores gênios do rádio, como Paulo Tapajós, Almirante, Mário Lago, Renato Murce, Lamartine Babo, Iara Salles e Herbert de Boscoli e seu “Trem da Alegria”, Paulo Gracindo, Manoel Barcelos; Brandão Filho...cantores e cantoras alucinavam os auditórios...Orlando Silva, o cantor das multidões, Emilinha Borba, Linda Batista, Dalva de Oliveira, Marlene, Caubi Peixoto, Francisco Carlos, Bob Nelson, Jorge Goulart, Nora Nei,Alcides Gerardi, Nuno Roland, Gilberto Milfont, Carlos Galhardo...Não dá para citar todos.
Seu "cast" foi o maior da América do Sul, quiçá do mundo.

Teriam as emissoras americanas, inglesas, francesas, um "cast" tão grande e tão eclético? Não creio!

Os programas humorísticos, finos, bem feitos, como o “ Edifício Balança, mas não cai”, “Neguinho e Juraci”,“Tancredo e Trancado”; os que ofereciam prêmios, como “A Felicidade Bate a sua Porta”, os de auditório, como os de César de Alencar, Paulo Gracindo e Manuel Barcelos, as disputas das “fãs” de Emilinha e Marlene...o Trio de Osso, com Lamartine Babo, Iara Sales e Hebert de Boscolli...

O rádio-teatro, com o "Teatro em Casa", tendo à frente Celso Guimaães e Ismênia dos Santos, como os principais astros.

E as novelas? As novelas do rádio eram mais interessantes que as da TV.
Como os artistas não eram vistos, nossa imaginação idealizava os personagens.

Assim, cada ouvinte tinha o “seu” Albertinho Limonta e “sua” Mamãe Dolores (de “O Direito de Nascer”). Mamãe Dolores era representada por uma atriz branca e moça (Iara Salles). E a imaginávamos uma preta simpática e rochonchuda.
Outras novelas marcaram época, como a primeira “Em Busca da Felicidade” que “rendeu” um ano; “Renúncia”; Vidas Mal Traçadas”....

Transmissões esportivas, com Oduvaldo Cozzi, Jorge Curi “traziam” o Maracanã para nossa casa, da mesma forma que “Alma do Sertão” e “Jerônimo” nos “traziam” o sertão e “O Sombra” o suspense ...”Quem sabe o mal que se esconde no coração humano?... o “Sombra” sabe, ah,ah, ah...”.

É, não dá para falar um mínimo sobre a extensão e a importância da Rádio Nacional.
O que podemos fazer é dar “asas” à nossa lembrança e trazermos à ´memória a grandeza do rádio brasileiro e a exuberância da Rádio Nacional.

Norma

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