Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 5 de dezembro de 2010

O Bandolim do Seu Abidoral - por Socorro Moreira






Minha mãe era linda e ainda por cima, tocava bandolim.
Era de praxe, nas moças daquela época, dedilhar um instrumento, e ser uma boa prenda.
Seus pais se enterraram, numa fazenda do Piauí, batendo palhas de carnaúba, pra vender a cera, e sustentar os filhos no Colégio.
Todos vinham parar na casa da avó, que morava no Crato.
Vovô Chiquinho mandou buscar o bandolim da minha mãe, na distante São Paulo.Sabia que a filha estudava música, mas faltava-lhe o instrumento.E naqueles dias de férias, cochichou no ouvido da Valda: detrás daquela moita de malva, deixaram uma surpresa pra você… Era uma caixa com o bandolim, o método e as partituras.A alegria não foi desse mundo!
Valda passou a tocar choros e valsas, alegre e serelepe!
Um dia seu avô cratense, morreu de repente.Sua avó, morta de tristeza, sentenciou a penitência:
Nesta casa, durante doze meses, a música está proibida, em sinal de luto!
A Valda ficou tão desgostosa, que foi procurar Seu Abidoral pra vender o bandolim.
Seu Abidoral era um dos comerciantes antigos da cidade… Comprou, imediatamente. Não sei se pra revenda ou esperar tocando , a chegada dos filhos!
Bendita prole! De todos, conheço todos!
Ana Lúcia, Abidoral, Pachelly, Louro, Roberto, e Luciana (a caçula dos cachos de ouro!)...
Essa meninada, que cedo perdeu a mãe, está toda viva, e fazendo a história do Crato, em canto e versos… Com tudo registrado, em letras e fotografias!

Foto do acervo de Pachelly Jamacaru

5 comentários:

Liduina Belchior disse...

Socorro,

Como sinto respeito quase filial por este senhor.Amigo do meu pai, comerciantes na mesma rua: Bárbara de Alencar e parte da minha infância eu ia para o Armarinho de Papai, principalmente dia de feira.
A famosa feira do Crato!
Obrigada por este presente.

Abraços: Liduina.

Roberto Jamacaru disse...

Socorro e Liduina

Na época, nossos pais, foram homens e mulheres diferenciados, pois, não obstantes suas limitações de ordens financeira e de estudo,preparam-nos para uma vida na qual todos nos saimos bem... Ora nas condições de profissionais competentes, ora sensibilizados para a arte e ora, com fé e perseverança nas bases de Deus.
A família emocionada agradece.

Roberto Jamacaru

socorro moreira disse...

Lidú, Roberto , queridos !
E vcs sabem que são !
Nossos pais se conheciam, se respeitavam...Merecemos essa continuada amizade?
Um abraço amoroso .

socorro moreira disse...

Lidú, pergunte à Francisquinha, se ela não foi colega da minha mãe, na Pio União.
Falaremos disso qualquer dia...

Claude Bloc disse...

Roberto,

Socorro foi muito feliz em evocar essa história tão bonita como comovente.

De pais plenos dessa dignidade só poderiam vir brotos dessa mesma estirpe. Lutadores, seguidores de seus próprios caminhos delineados pelo seu próprio esforço, com muita honra e dignidade.

Parabenizo a família Jamacaru. Cada um com sua maneira de ser. Gente boa de fato.

Abraço a quem escreveu
Abraço a cada pessoa dessa família aqui homenageada.

Claude