Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 29 de agosto de 2009

"AS PREZEPADAS DOS ZIZINHOS DE MONSENHOR" - Cap. IV



...OU OS MENINOS REBELDES E O ENSAIO DE UMA GREVE...
A história de hoje, protagonizada por nossa turma, despe-se do caráter jocoso trazendo a público uma narrativa de nossa primeira manifestação de rebeldia. Na minha visão, o ensaio do que seriam os "anos de ferro" para alguns de nossa turma. Esse conto de hoje deve ser creditado a JOSÉ DO VALE o qual em seguida transcrevo ipsis literi.
"Outro dia me lembrava de uma tentativa de greve. Uma greve de araque. Era um dia de aulas
entre dois feriados. Nós resolvemos que não iríamos. Em bloco, mas havia uma norma, nos concentraríamos na Praça da Sé por alguma dúvida. Falamos de 1965, um ano após o Golpe. Acontece que vinha da Batateira na Camionete com meu pai. Vice-Diretor do Colégio. Não tive alternativa: antes de descer do veículo falei do problema para ele e que não teria condições de quebrar a greve. Comigo a ameaça foi maior: “Se faltar se fizer greve, vai ser expulso e vai plantar batata para sobreviver”. Eu, então, moleque atrevido disse-lhe que não tinha condições de entrar no Diocesano e que iria até a Praça da Sé para negociar a minha situação com os colegas (não era estas palavras, algo parecido). Quando estava conversando com a turma falando da minha situação, chegou o Monsenhor e arrebanhou todo mundo para o Colégio. Recebemos uma reprimenda em regra. Meu pai deu-me um passa fora sem igual, mas aí valeu o peso maduro dos colegas. Vieram em minha defesa através de um discurso coletivo. Não guardo apenas a doçura daquele apoio, mas essencialmente aquele discurso coletivo de tomada de consciência da assimetria deste tipo de luta. Aliás não sabíamos nada, mas ali fizemos o primeiro ensaio do que aconteceria em 1968".
E este ensaio nos lançou mais adiante direto para a cena dos anos de ferro. Muitos engajados na na utopia rebelde partidária ou não, mas socialista em sua essencia que não era utópica porque estava baseada na sincerade das intenções. Um País mais justo e igualitário, uma distribuiçao da renda nacional mais racional, senão equitativa pelo menos maia justa. Acesso das camadas mais marginalizadas a educação, a saúde e a moradia. Foram estes postulados em síntese que nos levou a nos engajarmos na esquerda. Mas foi na UEC, nas leituras de livros e textos de pensadores socialistas , nas peças de teatro, nas músicas de protesto, na troca de idéias com todo um grupo de amigos idealistas em reuniões "secretas" que sedimentamos a rebeldia que viria a explodir em atos concretos em 1968. Tens toda razão José. Incluisive eu acho que o "discurso coletivo" que fizemos em tua defesa foi reflexo da irmandade e do compromisso de um corpo idéario que garantiu e consolidou essa amizade ímpar que une toda uma geração que hoje se mostra e se desvenda a cada momento. Aqui representativamente e por onde estejamos. "Amigo a gente guarda no lado esquerdo do peito, bem junto do coração, Assim falava a canção".

2 comentários:

socorro moreira disse...

Tomara que o estoque dessas prezepadas nunca acabe ... Aí, a gente começa a inventar, viu ?


Um abraço, menino.

Claude Bloc disse...

Eita... Abre aí o livrinho da memória e manda ver!