A magia contida nas linhas de Jubiabá, um dos romances mais famosos de Jorge Amado, foi suficiente para trazer à Bahia o argentino, nascido em Buenos Aires, Hector Julio Paride Bernabó, lá pelos idos de 1938.
Você não sabe quem é Hector Bernabó? E se eu chamá-lo pelo apelido que recebeu ainda na infância, quando era escoteiro, Carybé? Mesmo que não conheça a fundo a vida desse artista plástico, escultor, gravador, cenografista, jornalista, diretor de arte, multitalentoso baiano de coração – ele naturalizou-se brasileiro em 1957 e foi agraciado na mesma época com o título de cidadão da Bahia -, com certeza, já viu espalhadas pelas ruas de Salvador, obras que levam sua assinatura.
Se for soteropolitano do dendê (carioca é que é da gema), conhece os gradis que cercam o Museu de Arte da Bahia (MAM-BA) ou o Campo Grande (praça 2 de Julho); ou já viu a escultura de uma mulher com o filho enganchado nos quadris, na entrada do shopping Iguatemi; ou ainda, os paineis no Teatro Castro Alves.
Se for baiano e seguidor do Candomblé, mais especificamente frequentador do terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, já viu obras do artista e referências a ele no lugar de honra reservado aos obás (ministros) de Xangô da casa. Mesmo que seja turista, ao desembarcar no Aeroporto Internacional da capital baiana, no seu roteiro até a saída, há um painel do artista.
Carybé não era nem argentino nem italiano. Era um homem de muitas cores, absorvendo todas elas, assim como o faz o preto na escala cromática. Pintava negros, índios e brancos.Quando partiu para outra viagem, disseram que foi fazer arte no céu.
É provável que um dia desses, ao acordarmos e olharmos para as nuvens, encontremos nelas grandes baianas com seus tabuleiros ou negros jogando capoeira . Pode ser também que todo o céu se transforme numa imensa aquarela ou que o arco-íris mude de cor.
Para quem veio de longe mostrar ao povo da Bahia a beleza desta terra, nada é impossível. Nem mesmo ser Obá de Xangô. E em se tratando de tão alto posto na hierarquia dos orixás, nada mais adequado que despedir-se saudando seu orixá-regente: KAWÓ-KABIYÈSILÉ!!!
AXÉ!
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2 comentários:
Que maravilha, a arte de Carybé !
Bela matéria com imagens cromáticas de um movimento sem igual, valendo intervir diretamente no conhecimento artistico.
Muito bem lembrado Caribé pintando a maravilha baiana.
parabéns !
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