Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 19 de agosto de 2009
ESTANDARTIZAÇÃO DO VIVER NA SUPERFÍCIE
“Vemos hoje ampliar-se o influxo do progressismo, especialmente entre jovens. Seduz a juventude primariamente a negação de toda e qualquer tradição, porquanto esta atitude a desobriga de considerável esforço de estudar todo um passado cultural, que se alonga no tempo e demanda séria e constante dedicação intelectual.
É mais fácil sustentar-se que o passado não tem vez em nossos dias e que incube ao homem de hoje situar-se no seu tempo... Voltar as costas à tradição cultural da humanidade é um convite extremamente sedutor, próprio de quantos se recusam assumir as responsabilidades oriundas da tomada de consciência da condição humana.
Viver na superfície das coisas, aceitar o ritmo do quotidiano, sem descer a uma profundidade maior, onde o homem se defronta consigo mesmo e não mais escapa à seriedade da vida e de sua destinação superior, é missão altamente gratificante à primeira vista, conquanto o não seja a longo prazo. Aqui tocamos num problema.
Mas o que é viver na superfície? Numa era em que os meios de comunicação social
nos acenam com os seus atrativos, cingindo o nosso comportamento, banalizando-o imperativamente, nem sempre é fácil a tarefa de acordar o homem do torpor em que se encontra, mormente quando ele não se apercebe. Cuidam muitos que escolhem o seu modo de vida, quando a verdade é bem outra. O comportamento social é ditado de fora para dentro.
A estandardização do viver ganha cada vez maior número de adeptos, que ficariam extremamente ressentidos se lhes disséssemos ser bem diminuta a sua faixa de decisão pessoal. Adotam o ritmo existencial das maiorias amorfas, por lhes parecer exatamente ser esta a atitude correta, bem ao gosto de uma atualidade em que querem situar-se, sem saber precisamente em que ela consiste.
Assim a vida se esvai nos espasmos do comportamento prefixado pela comunicação epidérmica, onde o que mais falta faz é o diálogo. Não se dialoga, mas se menciona o diálogo como essencial. Falece calor humano, e se proclama a relevância do amor. Clama-se por uma vida comunitária, e se aprimoram as técnicas de domínio absoluto da posse de bens fugazes, que acentuam os traços do egoísmo” (PADILHA, 1975, p.26).
PADILHA, TARCÍSIO MEIRELLES - Brasil em Questão, s.ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1975, p. 165.
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2 comentários:
O habitat da alma é nas profundezas do nada.
Nas profundezas do NADA e do TODO.....Paradoxal....mas é assim mesmo....
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