Tempos doidos. Aqueles. Quando muita gente “viajou” e desta “viagem” jamais voltou. Em que pese todas as explicações causais ou coadjuvantes, se torna uma questão mais larga sobre a própria condição humana.
Migrar, se espalhar, ocupar novos territórios, sempre esteve no horizonte tanto das sociedades coletoras por natureza, como até mesmo naquelas estruturas sedentárias. Isso ocorria quando um contingente sobrepunha-se em quantidade de pessoas à capacidade da agricultura do local.
O Renascimento e seu prolongamento nos Séculos das Luzes inauguram a maior dinâmica jamais vista de migrações intercontinentais. Aqui contemplamos o curto intervalo de tempo, pois a humanidade naquela altura já ocupava todos os territórios do planeta, à exceção da Antártida.
Na disputada hegemonia dos anos da pós-segunda guerra, a corrida espacial deixou a cultura repleta da mais sublime viagem: ao espaço sideral. Quantos filmes, músicas, imagens, poemas, romances, ensaios, novelas não foram elaborados em medida desta corrida? Até que veio a gravidade, as grandes distâncias e o inóspito da vida fora da terra foram reduzindo os horizontes, mas deixando uma estrutura que conectou todo o planeta numa viagem intramuros.
Hoje as telecomunicações fazem a geografia planetária. A informação reconstrói o outro e a nós mesmos. O processamento em alta velocidade cria novas visões da vida. A agenda local se respinga das considerações globais. Enfim, os Cariris completam a leitura do catecismo em língua própria.
Tenho um amigo que parece ter feito uma viagem ao Japão e nesta ida e vinda, ficou aprisionado do fuso horário de lá. Parece, pois na verdade não a fez fisicamente, a fez tão somente na dobradiça da própria porta do seu apartamento. Nele troca o dia pela noite.
À sua diária não se pode atribuir uma jornada. Agora é uma noitada de leituras, computadores, música e uma vida corrida entre tragadas constantes de nicotina, café forte e frio com adoçante artificial e litros e litros de água. Entre a micção e o assento da poltrona, a vida corre.
Quando é lá pelas cinco horas, ele come a refeição principal. Pode ser uma rabada, uma feijoada ou outro alimento menos lipídico, não importa, eis que a única refeição do dia é feita. Quando a Globo já deu seu Bom Dia Brasil ele se deita e dorme induzido pela química dos psicofármacos.
Meu amigo fez uma viagem ao Japão e no pleno de uma Rua de Copacabana ainda vive doze horas adiantadas.
Migrar, se espalhar, ocupar novos territórios, sempre esteve no horizonte tanto das sociedades coletoras por natureza, como até mesmo naquelas estruturas sedentárias. Isso ocorria quando um contingente sobrepunha-se em quantidade de pessoas à capacidade da agricultura do local.
O Renascimento e seu prolongamento nos Séculos das Luzes inauguram a maior dinâmica jamais vista de migrações intercontinentais. Aqui contemplamos o curto intervalo de tempo, pois a humanidade naquela altura já ocupava todos os territórios do planeta, à exceção da Antártida.
Na disputada hegemonia dos anos da pós-segunda guerra, a corrida espacial deixou a cultura repleta da mais sublime viagem: ao espaço sideral. Quantos filmes, músicas, imagens, poemas, romances, ensaios, novelas não foram elaborados em medida desta corrida? Até que veio a gravidade, as grandes distâncias e o inóspito da vida fora da terra foram reduzindo os horizontes, mas deixando uma estrutura que conectou todo o planeta numa viagem intramuros.
Hoje as telecomunicações fazem a geografia planetária. A informação reconstrói o outro e a nós mesmos. O processamento em alta velocidade cria novas visões da vida. A agenda local se respinga das considerações globais. Enfim, os Cariris completam a leitura do catecismo em língua própria.
Tenho um amigo que parece ter feito uma viagem ao Japão e nesta ida e vinda, ficou aprisionado do fuso horário de lá. Parece, pois na verdade não a fez fisicamente, a fez tão somente na dobradiça da própria porta do seu apartamento. Nele troca o dia pela noite.
À sua diária não se pode atribuir uma jornada. Agora é uma noitada de leituras, computadores, música e uma vida corrida entre tragadas constantes de nicotina, café forte e frio com adoçante artificial e litros e litros de água. Entre a micção e o assento da poltrona, a vida corre.
Quando é lá pelas cinco horas, ele come a refeição principal. Pode ser uma rabada, uma feijoada ou outro alimento menos lipídico, não importa, eis que a única refeição do dia é feita. Quando a Globo já deu seu Bom Dia Brasil ele se deita e dorme induzido pela química dos psicofármacos.
Meu amigo fez uma viagem ao Japão e no pleno de uma Rua de Copacabana ainda vive doze horas adiantadas.
Um comentário:
O mundo virtual nos impôe um horário : o horário do vício , que não tem limite. Mas é reversível, menino. Eu estive no limiar do abismo , e consegui o caminho de volta. Paro pra cozinhar, arrumar o guarda-roupa, assistir novela, fazer palavras cruzadas, compras no supermercado, e esticadas na pracinha. ; paro pra visitar pessoas , e fazer minhas ligações de amizade... O mundo virtual só conseguiu uma parte de mim : o apetite de saber mais sobre tudo , e degustar as sobras do vivido , em doses referênciais. O virtual robou-me a companhia de alguém , mas em compensação entregou-me outrens , que me faz ficar acordada de serenidade.
Boa semana pra você, amigo do Vale !
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