Terminado o jantar a família se reuniu como fazia todas as noites para conversar no alpendre da casa. Conversa pouca porque no sitio acorda-se geralmente às quatro horas para ordenha das vacas, deixar o gado no pasto, tomar um café magro e seguir para roça e encarar o cansativo trabalho de todos os dias.
Enquanto todos foram se deitar dona Francisca, entretanto, foi lavar a louça do jantar à luz de uma lamparina.
Sua casa fica quase à margem da estrada vicinal no Sítio Barreiros (Sousa-Pb).
Um carro chegar à noite, em qualquer sitio, chama logo a atenção dos moradores por ser um fato pouco comum. Logo ficam a imaginar que alguém pode estar doente.
Foi justamente isso que imaginou dona Francisca quando percebeu um clarão forte que “se parecia com faróis de carro” se aproximando de sua casa. Mas refeita, logo percebeu que mesmo morando perto da estrada jamais qualquer carro pudesse focar assim diretamente na lateral leste de sua casa que ficava dentro de uma roça de plantações.
Espiou pela fresta da janela e se assustou com o que viu. Quase rente ao chão “uma luz muito forte de cor prateada e formato idêntico a um ovo gigante se dirigia na direção de sua casa”. “Se não mudasse a direção com certeza ia se chocar contra a parede lateral”.
Assustada chamou Mauricio, seu marido, caboclo habituado com os mistérios da noite rural. “Santo Deus que assombração será essa?” exclamou mexendo com seu sistema nervoso e seus medos naturais.
À medida que a luz se aproximava da casa, agora já mudava um pouco a rota para o norte tranqüilizando mais dona Francisca e Maurício, mas sabiam que se chocaria com a cerca de varas no quintal. E foi exatamente isso que aconteceu. Eles ouviram o barulho de varas sendo quebradas...
Os filhos de dona Francisca e vizinhos que àquela hora vinham da bodega se apavoraram com aquela luz, pois “dava para ver uma agulha no caminho tão forte era o claro”.
Depois que a luz foi se afastando eles passaram a observá-la pelas frestas da porta da cozinha, “mas continuava muita baixa e o claro era tão forte que a gente via toda a mata.
“Quando a luz já havia se afastado muito, saímos e ficamos no quintal observando”. “Lá adiante ouvimos o barulho de uma explosão muito forte, quando a luz se apagou e não voltou a se acender novamente”.
No dia seguinte dona Francisca e Maurício percebeu que além da cerca de varas quebradas, metade da copa de um pé de pereiro que fica ao lado desta, estava seca como se estivesse passado fogo sobre ela. E mesmo com o passar dos anos nunca voltou a criar folhagem na parte atingida.
Nos sítios adjacentes os moradores deram notícia do avistamento dessa luz muito forte e da explosão. Todavia não se tem notícia que alguém tenha se interessado em ir à busca de possíveis destroços.
No sitio os fatos por mais incomuns que sejam não despertam interesse aos moradores. E ficam até desconfiados de comentar assunto assim em outro ambiente e com pessoas desconhecidas temendo serem considerados mentirosos.
Como tenho familiares nessa região e eles sabiam que há muito tempo me interesso por “essas luzes” contaram-me em detalhes para que eu explicasse a eles do que se tratava.
Nem adiantava contar tudo o que imagino saber sobre o assunto, pois podiam interpretar de outra forma e ficarem assustados.
Luiz Carlos S Gomes
* Luiz é um amigo, futuro colaborador do Cariricaturas.
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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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Um comentário:
Que bom ter você aqui conosco.
Continue postando.
Sei que tem outras tantas estórias para contar.
Valeu!
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