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DECLARAÇÃO
Sou
apenas
uma pequena nuvem,
ela me disse:
uma nuvem
que se encaminha
para o sul,
sempre o sul.
Ou, se quiseres,
uma brisa,
ela me disse;
uma brisa aquecida
no desvelo dessa pele.
Ou apenas
uma sombra,
ela me disse:
uma minúscula
sombra de ti mesmo,
desfazendo-se
em negro e cinza,
morrendo
como a palavra esquecimento.
Sou apenas
um resto de ti,
ela me disse,
uma gota
partida de teu sangue,
o trovejar de teu murmúrio.
Sou apenas
a vertente do segredo,
ela me disse:
os móveis da casa,
a ladeira,
a rua,
um rio
que se deita na paisagem.
Sou apenas
uma pequena nuvem,
ela me disse:
um som,
um soluço,
uma nave
desorientada no teu céu.
Everardo Norões
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