Se eu forçasse a memória, me sairia dela mais do que quero lembrar. Muitas vezes nem preciso é. Basta passarem-se os dias: um dia qualquer de setembro, de outubro ou de novembro. Dias em que me sinto despreparada para lidar com o acaso, porque o ano começou a tanto tempo que já não o estou mais esperando. Fico então me conformando com o mínimo e disso passo a tirar uma série de conclusões amarrotadas.
Digo pra mim mesma que dói às vezes esse sintoma, que não há mais vontade de senti-lo, mas a coisa é maior que a vontade. Entro, então, nesse mar perigoso até onde dá pé, enroscando-me entre os lençóis espumantes das ondas, afundando entre as fronhas das marés, até quase me afogar em outubro de tanto esperar chegar à praia e à luz. Fico a espreitar o vento para que ele me embale em suas vestes enquanto espero pelo sim, pela vida que se perpetua nessas águas, em meu silêncio.
E setembro passa. E volta a noção do desperdício. Do tempo cheiroso em que as lembranças se deitavam todas as noites à espera de um mero sinal, de um acorde, da têmpera do tempo que parecia desfiar-se sem retorno por uma eternidade.
Setembro passa. Lavo meus pés em água mansa. A vida inteira num minuto. E vou aos poucos desfazendo meus “quases” nessa fração de tempo em que deixei meus versos escorrerem. Quase agora. Quase sempre.
Digo pra mim mesma que dói às vezes esse sintoma, que não há mais vontade de senti-lo, mas a coisa é maior que a vontade. Entro, então, nesse mar perigoso até onde dá pé, enroscando-me entre os lençóis espumantes das ondas, afundando entre as fronhas das marés, até quase me afogar em outubro de tanto esperar chegar à praia e à luz. Fico a espreitar o vento para que ele me embale em suas vestes enquanto espero pelo sim, pela vida que se perpetua nessas águas, em meu silêncio.
E setembro passa. E volta a noção do desperdício. Do tempo cheiroso em que as lembranças se deitavam todas as noites à espera de um mero sinal, de um acorde, da têmpera do tempo que parecia desfiar-se sem retorno por uma eternidade.
Setembro passa. Lavo meus pés em água mansa. A vida inteira num minuto. E vou aos poucos desfazendo meus “quases” nessa fração de tempo em que deixei meus versos escorrerem. Quase agora. Quase sempre.
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Texto e foto por Claude Bloc
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