Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 13 de outubro de 2009

DE AMOR, PAIXÃO, PERDAS E DANOS ENTENDO EU !

“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa e especialidade do meu desejo. Esta escolha, tão rigorosa que só retém o Único, estabelece, por assim dizer, a diferença entre a transferência analítica e a transferência amorosa; uma é universal, a outra é específica. Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontre a Imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Eis o grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou apenas uma parte desse corpo? E, nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem a tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é o meu desejo, tanto que único: “É isso! Exatamente isso (que amo)!” No entanto, quanto mais experimento a especialidade do meu desejo, menos posso nomeá-la; à precisão do alvo corresponde um estremecimento do nome; o próprio do desejo não pode produzir um impróprio do enunciado: deste fracasso da linguagem, só resta um vestígio: a palavra “adorável” (a boa tradução de “adorável” seria ipse latino: é ele, ele mesmo em pessoa)."

"Eu sofro a tua ausência, te quero, sonho com você para você contra você me responde: teu nome é um perfume espalhado."

Sou apenas um louco entre tantos espalhados na curva de Gaus, porque de perto ninguém é normal. Ah! me fale de escolhas, sabes algo sobre? Por que te pões a julgar-me? Que sabes de mim afinal se não o que permito que tú saibas? Jamais verás o que esses meus olhos viram ou meu coração sentiu. Já percorri todos os abismos, já bebi a lava do vulcão de muitos corpos, minhas mãos guardam segredos de milhões de células. Meu cérebro guarda confidências, desejos, ilusões, sonhos desfeitos, tantas maldades, pensamentos. Meu coração já gelou e já se tornou incandescente mil vezes mil. Dancei a dança de corpos suados e que parmaneceram tatuados em mim. Ninguém passou em vão, todos deixaram sua marca. Vivo da respiração boca a boca dos desesperados por amor, por carinho, por paixão, por piedade, Filhos bastardos do amor, abandonados por aqueles que não estendem a mão porque nada têm a dar de si. Párias, desconectados da vida e da morte. Porque é mais simples e fácil morrer. Não sabem viver nem morrer. Não faço escolhas, a vida escolhe para mim. Não tenho medo de encruzilhadas sigo a esquerda sempre. Não tenho medo dos homens são crianças criados do mesmo barro,e perdemos nossas costelas por igual para termos uma companhia. Então se minha costela gerou uma companhia algo deve acontecer para que eu sinta interesse por ela. Ah! os sentimentos!...amor, paixão, luxúria, desejo , e o sexo! Mas, espera ai...se existem tantas costelas/mulheres devo amar todas? Me apaixonar por todas? Claro que sim! Deus não colocou regras nas costelas! Disse apenas: "Crescei e Multiplicai-vos" . Viram só? Estava aberto o período da caça! Havia interesse de povoar esse mundo louco e adorável! Depois vieram uns chatos e colocaram regras, puniam com o fogo do inferno quem desejasse a mulher do próximo. Ué? Mas não era Divina a ordem? Bom, é melhor não ir para o inferno pois não contam muitas coisas boas de lá. Eu ficava intrigado ainda menino, sentado naquele banco da Praça da Sé vendo as meninas descerem após a aula e pensava: tai, Nilo Sérgio dá pra namorar com todas elas? Uns amigos que estavam comigo diziam..."todas passam e erreganham os dentes pra ti, tua mãe passou açucar foi"? Achava engraçado e continuava a ruminar...namorar todas...não! Não gosto dessa nem daquela...ué Nilo Sérgio? E a questão da costela? E do povoamento da cidade? Não! tem uma coisa mais profunda...aquela de olhos azuis me tira o fôlego e o seu sorriso me deixa de pernas bambas...ah! então isso é paixão? Por isso não consigo dormir e ponho a cabeça apoiada nos braços e fico a olhar as telhas? Então tem que ser só uma! É isso! Esse foi o aprendizado da mulher única, objeto do desejo e dos sonhos. Dona da minha cabeça. Apesar de namorar quase todas...mas amei e me apaixonei por uma de cada vez.

Me dirijo a você pra te dizer que foste e continua sendo essa pessoa única, entre todas. Senhora dos meus sonhos e meus desejos. Dos planos, do fora que me deu, do bilhete pra fugir não enviado, da insuportável dor de ver-te com outro só por pirraça, da tua ausência, da solidão interminável mesmo cercado de gente . Do falso esquecimento.

Pois é, essa escolha rigorosa de uma pessoa só...o amor que não passa, se aquieta para ressurgir não sei quando nem onde. Fênix da esperança! E quando ressurge vem como um furacão, brilhando como um sol , transformando. Mas esquecestes que a vida tem sinal trocado. Nem tudo é tão livre e não tiveste a paciência e a compreensão para perceber que cada pessoa tem um movimento. Uma história e um ritmo pra consumir sua perdas e danos. Até o adeus tem seu tempo. Virar as costas e partir sem olhar pra traz é um outro movimento. São danças estranhas mas é preciso dançar. Você partiu um dia, mas nunca me deixou. "O trem que chega é o mesmo trem da partida"...uma decisão vale uma vida! Faça uma leitura correta dos fatos. Hoje é tempestade...amanhã pode brilhar o sol. Eu já cansei de perdas e danos e danos.

.

Fonte inicial: Roland Barthes

.

Nenhum comentário: