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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Economista da era Reagan desfralda bandeiras vermelhas - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Surpreendente análise de Paul Craig Roberts, ex-secretário do Tesouro na administração Reagan. Quando todos dizem que há um movimento de saída da recessão ele afirma que não e acrescenta que “os economistas da América continuam fingindo que estão lidando com uma recessão normal do pós-guerra que requer meramente uma expansão de moeda e do crédito a fim de restaurar o crescimento econômico.

O surpreendente é um economista que foi do governo que se tornou o marco inicial da hegemonia neoliberal recorrer a Karl Marx e Lênin para vaticinar o drama estrutural da economia americana neste momento da história. E vai numa escalada, aliás já começa do topo da crítica e nela se mantém durante quase todo o artigo ao citar uma frase de Marx logo de cara: "O capital é trabalho morto, o qual, como um vampiro, vive apenas para sugar o trabalho vivo, e quanto mais sobreviver, mais trabalho sugará".

Ele transfere este mecanismo para a leitura atual do capitalismo americano. E ao transferi-lo faz uma análise de natureza revolucionária pois no limite nada resta a não ser uma outra realidade. O capitalismo americano foi pujante pois associou produção do trabalho com o consumo das famílias. Quanto mais esta produção foi ganhando em produtividade mais consumo se esperaria e maior crescimento econômico das famílias.

Mas não foi isso o que ocorreu. Nesta primeira década do século XXI a renda das famílias só caiu, especialmente houve a queda do salário líquido e ocorreu uma pauperização generalizada da classe média que viu seu patrimônio ser corroído pelas crises, especialmente a atual. E a contradição se encontraria dentro do próprio capitalismo, especialmente o capitalismo financeiro.

O mecanismo do troca a troca de papéis em Wall Street num ciclo vicioso que só aumenta a remuneração dos acionistas, camuflou a produtividade da economia americana marcada por uma forte relocalização do emprego para fora do país. Isso dos produtos consumidos no mercado americano. Tudo em busca de uma mão-de-obra mais barata, sem direitos trabalhistas e sociais. A rigor é o mesmo mecanismo que espíritos da crítica de conveniência apenas enxergam na maldade do “comunismo” Chinês.

Resultado houve uma quebra da equação que sustentava a economia: produção remunerada pela renda de quem produz. Agora quem produz não tem renda e o desemprego americano já atinge mais um quinto da força de trabalho existente e a parte empregada se encontra enterrada em hipotecas e dívidas. Endividar mais uma vez as famílias só aprofunda o fosso.

Neste estado de coisa o dinheiro aplicado pelo Governo para salvar as corporações financeiras só fez criar uma nova bolha. Isso tem corroído a credibilidade do dólar como moeda de reserva. Por isso o movimento da semana que passou com a alta do ouro e o anúncio de que Árabes e os BRICS estão a lançar tábuas de salvamento ao mar em face da corrosão do dólar. A saída para o governo seria aumentar os juros para contrair empréstimo, mas aí leva de roldão o que resta do valor do patrimônio dos americanos.

Resultado ao governo só restaria emitir papel moeda. Teriam uma hiperinflação que associada ao desemprego levaria o povo a uma miséria que nem Marx e Lênin ousaram prever segundo Paul Craig.

A se considerar o viés de Paul Craig com migrações e deslocamento de empregos americanos para o exterior, mesmo assim o quadro da recessão atual pelo que ele pinta é algo muito pior do que se imagina no cotidiano. Estaríamos diante de uma das grandes contradições de ruptura do capitalismo. Como esta ruptura sempre ocorreu para uma nova escala evolutiva do sistema não nos resta muitas opções pois como o próprio nome é fruto do papel moeda, temos diante de nós uma crise em que se dissociou o trabalho da formação de capital. E isso não existe no mundo material real.

2 comentários:

socorro moreira disse...

Apocalípse !

Claude Bloc disse...

Ei, menino, não some.
Sentimos sua falta.
Já tem novo número?

Abraço,

Claude