Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Jararaca, Manezinho Araújo e Lauro Borges- Por Norma Hauer

Recebendo o nome de José Luiz Rodrigues Calazans, ele nasceu em 29 de setembro de 1896, em Maceió (Al).
Em sua cidade, conheceu, em 1919, aquele que se tornou seu parceiro em músicas e apresentações musicais: Severino Rangel de Carvalho (o Ratinho). Inciando suas apresentações em sua terra natal veio para o Rio de Janeiro no conjunto "Tribunas de Pernambuco", que aqui se dissolveu mas a dupla continuou sua carreira até o falecimento de Ratinho, em 1972.

Era uma dupla caipira, com todas as características do interior,bem diferentes das
atuais, que são "country", ou seja, nada têm de brasileiras, principalmente do interior.

Após a morte de Ratinho, Jararaca tentou outras duplas, mas não conseguiu sobressair-se no meio das mudanças que, a partir dos anos 60, passou a dominar novos ritmos e ídolos até então conhecidos, foram dando lugares a outros que começaram a surgir.

Dos sucessos da dupla, lembro-me bem de "Espingarda, pá, pá, pá, pá...Faca de ponta, tá, tá, tá,..." Mas seu maior êxito, até hoje cantado no carnaval, foi uma parceria que fez com Vicente Paiva:"Mamãe eu Quero", o maior sucesso do carnaval de 1937. Na abertura, a voz de Almirante fazendo um "diálogo" diz:
"Mamãe eu quero,
Quer o que meu filho?
Mamãe eu quero mamar."

A partir daí tem início a parte cantada por Jararaca.

Por ocasião das primeiras eleições para a Câmara dos Vereadores, após a queda de
Getúlio Vargas, Jararaca, com seu nome verdadeiro, candidatou-se a vereador pelo
Partido Comunista do Brasil, então na legalidade.
Não me recordo se chegou a ser eleito; sei que depois abandonou a política e voltou a ser o Jararaca, com seu parceiro Ratinho, até 1972.

Jararaca faleceu em 11 de outubro de 1977, aos 81 anos

MANEZINHO ARAÚJO

Ele nasceu lá no interior de Pernambuco, no dia 27 de setembro de 1913. Desde menino gostava de cantar, mas não ficaria conhecido se se mantivesse em sua cidade natal.
Com 17 anos, incorporou-se ao serviço militar e, na qualidade de soldado, veio para o Rio de Janeiro, onde não ficou muito tempo. Teve sorte em seu retorno ao Nordeste.
No navio em que regressava a seu estado, encontravam-se Carmen Miranda, Almirante e Josué de Barros (o "descobridor" de Carmen Miranda).
Como já tinha alguma experiência em compor e cantar, foi aceito por essa turma e, com Josué de Barros, mais um vez veio para o Rio, desta vez para ficar.

Em 1933 gravou seu primeiro disco, composto de músicas nordestinas. Não "emplacou", mas teve as portas abertas para as gravações.

Aqui não se conheciam emboladas porque os nordestinos que aqui chegaram antes dele, como Augusto Calheiros e os "Turunas da Mauricéia; Baiano e Victor Barcelar não cantavam músicas típicas de seus estados.

Manezinho Araújo foi o precursor de emboladas e outros ritmos nordestinos, como
"Cumo é o nome dele?
- É Maneco Floriano,"

ou de Luiz Gonzaga, mas antes deste, gravou "17 e setecentos" .

Eu lhe dei 20 mil réis
Pra pagar 3 e trezentos.
Você tem que me voltar:
17 e setecentos..."

Uma embolada que marcou muito dizia

"É Lampa, é Lampa. é Lampa.é Lampa...
É Virgulino, Lampião.

Enaltecendo a figura de Lampião e Maria Bonita, procurados pelas "volantes" (a polícia que percorria as matas à procura dos cangaceiros) Manezinho não se intimidou com o DIP e também não foi incomodado.

Participou dos filmes "Tudo Azul" e "Laranja da China", passando depois a apresentar os cine-jornais da Atlântida e, na Revista do Rádio (de saudosa memória) escrevia uma coluna de nome Rua da Pimenta.

Como cantor tomou parte no "cast" das principais emissoras cariocas: Mayrink Veiga, onde começou; Tupi e Nacional.

Como também se dedicou à pintura, afastou-se do meio musical quando outros ritmos começaram a invadi-lo e passou a pintar.

MANEZINHO ARAÚJO

Foi o primeiro artista a fazer um "jingle " para o sabonete Lifebuoy, na época famoso por combater o "CC"

Com o dinheiro que recebeu pela venda de seus quadros, inaugurou um restaurante de comida nordestina. Não deu certo porque toda matéria-prima vinha do Nordeste, de navio. Saía muito caro.

Desanimado foi tentar o mesmo em São Paulo. Também não deu certo. Os "pratos" eram, naturalmente, muito caros.

Dedicou-se, assim, somente à pintura, vindo a falecer, lá em São Paulo, em 23 de maio de 1993, sem completar 80 anos.


PRK-30, NA RÁDIO NACIONAL.

Foi no dia 27 de setembro de 1946 que LAURO BORGES estreou seu ja famoso programa PRK-30,na Rádio Nacional.

O primeiro programa lotou o auditório da então PRE-8 e foi prestigiado por alguns artistas da Rádio Mayrink Veiga, onde ele foi lançado.

Pelas ondas curtas da Nacional atingiu todo o Brasil.
Nessa época a Rádio Nacional já era a maior emissora do país. Por aí se pode imaginar o que foi a PRK-30 naquela emissora.
Em 1950, Lauro Borges passou a transmitir o PRK-30, com o nome de PRK-15, na Rádio Record de São Paulo, fazendo o itinerário constante entre o Rio e São Paulo para apresentar os dois programas.

Na Rádio Nacional de São Paulo, também com o auditório lotado, estreou no dia 17 de março de 1955. Já nessa época a TV, inaugurada em 1950 foi tomando conta do público e os programas radiofônicos foram chegando ao fim.

Convidado para levar seu programa para a televisão, Lauro Borges, a princípio negou-se dizendo que a PRK-30 era para ser ouvida e não vista. Afinal, ele fazia vários personagens o que não é viável na TV, sendo possível, mas muito cansativo.

Ainda assim, com outro nome e tendo a participação de Chico Anísio, em início de carreira, estreou na TV-Rio, mas foi muito criticado pela imprensa que apelidou o
programa de "rádio-televisionado".

Assim, Lauro Borges desistiu de tudo.
Lauro Borges veio a falecer em 11 de junho de 1967, por causas nunca esclarecidas.


Norma Hauer

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